Simone Tebet desponta como ‘solução’ para Lula no Meio Ambiente
Mulheres devem comandar também Saúde, Educação, Povos Indígenas, Previdência, Petrobras, Banco do Brasil e Caixa
A senadora Simone Tebet (MDB) não foi à diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira 12 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que alimentou dúvidas sobre sua insatisfação com o espaço que o do presidente eleito estaria disposto a lhe dar no governo. “Não façam tempestade onde não existe”, disse ela a CartaCapital um dia depois, ao chegar ao evento que marcou a entrega do relatório final do governo de transição.
No entorno de Lula, despontou uma solução para Simone que, de quebra, ajudaria a resolver um pepino para o petista a envolver outras duas políticas: as ex-ministras do Meio Ambiente Marina Silva e Izabella Teixeira. A solução seria nomear Simone para o Meio Ambiente, cargo que será vistoso na gestão Lula, em razão da política externa.
Ao topar apoiar o petista na campanha, a emedebista tinha o desejo de estar à frente de algo na área social, caso ele vencesse. Lula não quer, porém, abrir mão de ter controle absoluto do Ministério (seja lá que nome tenha) que cuidará do redivido Bolsa Família. É para pagar 600 reais de Bolsa Família no ano que vem que o petista lutam neste fim de ano no Congresso.
A eventual nomeação de Simone para o Meio Ambiente permitiria a Lula evitar ter de escolher entre Marina e Izabella para a área ambiental. As duas ex-ministras possuem divergências antigas. O presidente eleito, conforme apurou CartaCapital, não topou criar uma Secretaria Especial de Mudança Climática, vinculada à Presidência. Ou seja, de fato não haveria espaço para acomodar Marina e Izabella ao mesmo tempo no governo.
Há mais mulheres à vista no futuro governo. A cantora Margareth Menezes está confirmada como ministra da Cultura. Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, é nome certo na Saúde, conforme fontes ligadas a Lula. É a atual presidente da Fiocruz.
Para a Educação, a favorita é Izolda Cela (ex-PDT), governadora do Ceará e professora. Lula já soprou a algumas pessoas que será ela. A deputada federal Marília Arraes foi indicada pelo partido dela, o Solidariedade, para a Previdência. Marília disputou e perdeu o governo de Pernambuco este ano. Já foi do PT.
A deputada federal eleita Sonia Guajajara, do PSOL, é candidata a ministra dos Povos Indígenas. A economista Esther Dweck, cotada para ministra do Planejamento.
Há boas chances de três estatais vistosas serem dirigidas por mulheres. A engenheira civil Magda Chambriard é dada como favas contadas na Petrobras. Foi diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também serão conduzidos por mulheres. Maria Fernanda Coelho, ex-presidente da Caixa na era PT, foi sondada para voltar ao posto, mas não quis.
No capítulo “bancos”, Lula anunciou o economista e ex-senador petista Alozio Mercadante para dirigir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mercadante defende que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio seja o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp e do grupo têxtil Coteminas. A preferência de Mercadante circula nos bastidores do governo de transição, segundo apurou CartaCapital.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio foi extinto no governo Bolsonaro. A pasta será ressuscitada no novo governo Lula. Até 2018, o BNDES subordinava-se a esse Ministério.
André Barrocal
Repórter especial de CartaCapital em Brasília