Sindicalistas debatem caminhos para fortalecer a comunicação

O fortalecimento das TVs comunitárias e os instrumentos e linguagem da comunicação foram os temas do terceiro dia do curso A comunicação para enfrentar o retrocesso, promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo. Para o o coordenador da Secretaria de Comunicação Social da Contee, Alan Francisco de Carvalho, “os dois temas nos deram subsídios para o aperfeiçoamento do trabalho da nossa entidade e do seu relacionamento com as filiadas e as trabalhadoras e trabalhadores da base”.

Pela manhã, José Eduardo Souza, da Rádio Cantareira, contou a trajetória do projeto, que teve início em 8 de setembro de 1995, sob o bordão: “Não basta estar no ar, é preciso ser comunitária”. Em 18 de julho de 2010 a Rádio comunitária Cantareira FM 87,5 foi regulamentada. “Estima-se que, por mês, cerca de 20 mil pessoas ouçam a rádio. A consolidação da frequência e a montagem de instalações adequadas intensificaram outras possibilidades de uso dos estúdios de gravação, como a produção de vinhetas, spots, gravações de peças de teatro e trabalhos musicas”, relatou. Segundo ele, a maioria das mais de 5 mil rádios comunitárias existentes no país estão sob controle conservador.

À tarde, Beto Almeida, da TV Cidade de Brasília, que entrou no ar há 20 anos, falou que ela é “a única empresa de TV a cabo no Distrito Federal, com um público estimado em 1 milhão de pessoas. Temos produções audiovisuais de qualidade, disponibilizamos espaço para as classes trabalhadoras e minorias, investimos em projetos de acesso à comunicação, de cunho político, social, cultural e ambiental”.

Paulo Miranda, presidente da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM), considerou que “avançamos muito na legislação para a TV comunitária, mas pouco na ocupação do espaço conquistado. É uma luta cruel. Precisamos convencer os sindicatos e organizações populares a ocuparem esse espaço”.

Em nova mesa de debates, Altamiro Borges, do Barão de Itararé, abordou a necessidade do movimento sindical abarcar as lutas econômicas, políticas e ideológicas. “A comunicação faz parte da luta política e ideológica. O movimento ultraliberal somou-se, no Brasil, à onda neofascista. Se não tivermos maior capacidade de mobilização, perderemos a batalha das ideias, como já perdemos na questão da corrupção – na qual a direita tomou a dianteira, absolutizando-a -, e do impeachment. A imprensa sindical é vibrante, e foi graças a ela que desmascaramos os objetivos da reforma da previdência, mas precisamos buscar maior cinergia com o conjunto do movimento popular, não nos limitarmos ao corporativismo, utilizarmos dos vários meios de comunicação e atualizarmos a nossa linguagem”.

João Franzin, da Agência Sindical, apontou que, diante dos ataques ao sindicalismo, é importante fortalecer “os deparmentos de comunicação, na linha de frente, e jurídico, na retaguarda. É preciso massificar as convenções coletivas, para fazer barreiras às tentativas patronais de impor as maldades da lei trabalhista, e utilizar a comunicação para estimular a sindicalização”.

Carlos Pompe 

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