Sindicatos apresentam pesquisa que avalia a saúde do trabalhador tubaronense
Num universo formado por cerca de 10 mil trabalhadores tubaronenses, um grave problema vem sendo registrado: entre os comerciários, 37% podem estar sofrendo de algum problema referente à saúde mental. Com relação aos educadores (rede municipal e privada), o índice é ainda mais alarmante: 43% deles alegam estar com problemas como depressão e ansiedade.
Estes números foram apurados em uma pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Comerciários, pelo Sinpaaet (filiado à Contee) e pelo Sintermut, que entrevistou cerca de 700 trabalhadores nas respectivas categorias de abrangência de cada uma das instituições. Estes dados foram apresentados em uma coletiva de imprensa realizada no fim da tarde de ontem (4), no auditório do Sindicato dos Comerciários.
De acordo com a presidenta do Sinpaaet, Gisele Vargas, a necessidade de se realizar uma pesquisa nesta área surgiu por conta das inúmeras queixas feitas junto aos três sindicatos. “Percebemos que o trabalhador tubaronense está doente e que precisa de ajuda”, pontua Gisele.
Com a pesquisa, surgiu a ideia – e a necessidade – de se realizar uma campanha em prol do trabalhador, trazendo a discussão para a sociedade tubaronense e sensibilizando o patronato para que seja possível discutir cláusulas que auxiliem o trabalhador –principalmente quanto se refere às questões de saúde. “Através desta campanha iremos agir em três frentes: primeiro, fazendo com que o próprio trabalhador perceba que precisa de ajuda e orientação, que reconheça que está doente e que deve procurar auxílio; em segundo lugar, mobilizando a sociedade para que, em conjunto com os sindicatos, possam colaborar com este processo; e em terceiro lugar, alertando os empregadores de que manter a saúde de seus funcionários em dia também é um dever”, observa Laura Oppa, do Sintermut.
A primeira etapa desta campanha encampada pelos três sindicatos terá início ainda este mês, com a Semana da Consciência Profissional, que trará especialistas para discutir o tema “assédio moral”. Também serão distribuídos materiais explicativos para auxiliar o trabalhador a se autoavaliar.
Dados importantes – Na pesquisa foi diagnosticado que a massa trabalhadora das três categorias é feminina: 62% dos comerciários; 72% dos trabalhadores do Sinpaaet e 92% dos profissionais do Sintermut.
Entre as situações observadas pelos entrevistados, no ambiente de trabalho, estão carga excessiva de trabalho; assédio moral; desvio de função; falta de pessoal; metas abusivas e sensação de instabilidade no emprego.
Os trabalhadores informaram já terem sido diagnosticados com problemas de saúde como ansiedade, depressão e pânico. A pesquisa também detectou tentativas de suicídio nas três categorias pesquisadas. Junto aos comerciários, destacaram-se casos de transtorno bipolar.
Algumas das queixas comuns aos entrevistados fazem referência a assédio moral, metas abusivas, desvio de função, baixos salários etc. “Essa pesquisa veio respaldar as denúncias que recebemos diuturnamente e que confirmam que nosso trabalhador está adoentado”, observa Elizandra Anselmo, presidenta do Sindicato dos Comerciários.
Outras doenças relatadas, em menor quantidade, foram problemas de memória, de sono, cansaço, irritabilidade e déficit de atenção.
Importante destacar que a pesquisa não detecta trabalhadores afastados por doença, e sim os que estão na ativa. “Com relação aos profissionais que estão afastados do trabalho, nós, dos Comerciários, contatamos o Ministério Público do Trabalho, que conseguiu obter dados junto ao INSS e que respaldam os números da pesquisa. O número de trabalhadores afastados do trabalho por problemas de saúde mental é incrivelmente alto, em todo o Estado – pelo menos com relação aos comerciários”, conclui Elizandra.
Por Cíntia Teixeira dos Santos – Assessoria de Comunicação do Sinpaaet