Sinpro Minas: “Não vamos ter qualidade de ensino sem a regulamentação da educação privada”, afirma Valéria Morato em Congresso da UNE
A presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato, foi uma das debatedoras do 59º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), que iniciou na quinta-feira (13) e terminou domingo (16), em Brasília. O debate sobre Ensino Privado: Qualidade, Regulamentação e Assistência Estudantil reuniu estudantes, educadores e especialistas para discutir e analisar os desafios e oportunidades relacionados ao ensino privado no Brasil.
“Não vamos ter qualidade de ensino sem a regulamentação da educação privada”, afirmou. Ela afirmou que o processo de mercantilização pelo qual passou a Educação, transformou o que seria um direito em mercadoria. “Além da mercantilização, passamos pela financeirização do ensino. Hoje as escolas e universidades são braços de grandes grupos empresariais, que têm como objetivo o lucro e maximização de resultados.”
Para a professora e sindicalista, a falta de regulamentação permitiu que esses grandes grupos empresariais da educação ampliassem seu poder e fossem beneficiados pelos planos de financiamento estudantil do Estado. “É um ambiente atrativo para os fundos de investimento”, afirmou. “E sem o poder regulador que deveria ser exercido pelo Estado, não há compromisso com a formação de profissionais e cidadãos, nem com desenvolvimento social”
Como consequência, há queda na qualidade no ensino e precarização do trabalho. “A regulação é frágil e não impede que as instituições não cumpram com suas responsabilidades sociais”, explica. “Obter resultados financeiros implica em beneficiar uma minoria de acionistas, em detrimento dos trabalhadores e dos alunos”.
Na opinião de Valéria, “para aumentar o número de alunos – e a lucratividade – há uma migração do investimento em educação para o marketing, construção de prédios e até fundação de campi”, ou seja, a prioridade não é o Ensino. “Isso se traduz em mensalidades mais caras e maior endividamento dos alunos, além de aumento da evasão”.
Um dos exemplos é a ampliação do EaD (Ensino à Distância) sem nenhum critério. “Um contingente enorme de alunos em uma sala de aula, com aulas gravadas, diminui absurdamente os custos com o professor e não oferece qualidade. Além de não oferecer qualidade no Ensino, os trabalhadores também pagam a conta: são pouco valorizados e têm ficado adoecidos com o excesso de demandas”.