Sinpro-Rio: Economista Marcio Pochmann – “Precisamos sonhar grande”
O Sinpro-Rio, numa das atividades da “Escola do Professor”, em 6 de março de 2023, recebeu o Professor Titular da UNICAMP, Marcio Pochmann, para proferir uma palestra sobre o tema “A Luta pelo Desenvolvimento e a Inclusão Social no País”.
Na ocasião, Pochmann, primeiramente, fez um resumo histórico da economia brasileira, desde o final do século XIX até os dias atuais, para enfatizar que o grande desafio do presente é consolidar a recente vitória política, não somente eleitoral, de Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o economista, há entraves, visto que nossa sociedade não está mobilizada em torno de um projeto para o futuro. Destacou que numa sociedade de classes, só os ricos fazem planos a longo prazo enquanto a maioria da população é obrigada a ter uma perspectiva apequenada, de curto prazo, de sobrevivência. A reflexão dominante é muito contaminada por um olhar para trás e não para frente.
O estudioso considera que precisamos planejar o que poderemos vir a ser a partir da constatação de como estamos hoje. Num país que não cresce, o lucro só se amplia através da superexploração dos trabalhadores. “O neoliberalismo é a forma de gestão de um capitalismo que não tem condições de crescer”.
Na perspectiva de se pensar para frente, o palestrante discorreu sobre o papel dos sindicados, das novas tecnologias, da Nova Divisão Internacional do Trabalho e também ressaltou a importância de uma Reforma Tributária de verdade, que altere a condição de privilégio dos que ganham nas aplicações financeiras.
No caso da atuação dos sindicatos, por exemplo, Pochmann ressalta que, devido à conjuntura, luta-se mais pela manutenção do emprego do que por melhores condições de trabalho, com o agravante da ação do patronato que oferece uma visão futura pessimista do emprego para impor uma acomodação do trabalhador, no sentido de inibir suas reivindicações.
Neste sentido, os sindicatos precisariam diversificar suas pautas, voltar a cobrar redução de jornada de trabalho, voltar a produzir conhecimento e dar apoio, também, aos que trabalham por conta própria e aos desempregados. “Se não sonharmos grande, nossos passos serão pequenos”.
Para o economista, é preciso, também discutir a juventude, visto que o número de jovens vem diminuindo e não lhes apresentamos perspectivas de futuro. Nos últimos 20 anos, fecharam-se 50 mil escolas no Brasil. “Precisamos oferecer mais interação, mais sociabilidade, mais cultura e esporte nas escolas.”
Marcio Pochmann encerrou a apresentação, depois de responder várias perguntas dos presentes, afirmando que é preciso urgentemente incluir a dimensão da ESPERANÇA na nossa pauta de luta por um país melhor e mais justo.
