Sinpro/RS: Entregadores de aplicativos intensificam mobilização e vão parar no sábado, 25

Manifestação foi marcada em todo o país como forma de pressionar as empresas de APP e o Congresso Nacional para agilizar trâmite das reivindicações

Por Marcelo Menna Barreto

Nova paralisação programada por entregadores dos aplicativos digitais para o próximo dia 25 tem tudo para ser mais barulhenta aos ouvidos das empresas que gerem as plataformas de tele-entrega. Essa é a opinião de Alessandro da Conceição, o Sorriso, presidente da Associação de Motoboys Autônomos e Entregadores do Distrito Federal (Amae-DF).

O principal fator foi a recente audiência que os entregadores tiveram com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) que se comprometeu a dar atenção a pauta que lhe foi apresentada na ocasião. “O pessoal tá se conscientizando de que não basta desligar o aplicativo, tem que ir pra rua”, observa Sorriso. “Isso dará visibilidade no parlamento e reforça a luta para buscar melhor condições de trabalho”.

Sorriso é uma das lideranças de um movimento onde poucos expõem seus nomes e rostos, com medo de represálias. O bloqueio sem justificativa nas plataformas é a mais temida e integra a listagem entregue à Maia. Através de suspensões, bloqueios, que os entregadores acusam de serem realizados arbitrariamente o entregador não pode trabalhar.

“Muitas vezes a gente nem sabe o porque foi suspenso”, dia Chapinha, motoboy paulista que prefere ser identificado na reportagem pelo apelido.

Outro motivo que deve ajudar a mobilizar mais os tele-entregadores também é dito por Chapinha: a ofensiva publicitária lançada recentemente pela maior empresa do setor no Brasil, a Ifood. “O pessoal todo tá falando. Pode, inclusive, contribuir. Nós sabemos bem que não é bem assim”, ironiza.

As reivindicações

Audiência virtual com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no último dia 8, discutiu reivindicações. Foto: Reprodução Amae-DF

A audiência realizada no último dia 8 com o presidente da Câmara contou com representantes do movimento chamado Breque dos Apps das mais variadas regiões do país.

Seis pontos foram destacados na ocasião: o aumento da taxa mínima paga pelas empresas, o reajuste dos valores por quilometragem, o fim dos bloqueios sem justificativa das plataformas, um seguro de vida, de acidente e roubo, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para entregas durante a pandemia e um auxílio caso um entregador contraia a Covid-19 e seja obrigado a parar seu trabalho.

Além do apresentado, também foi reivindicado o auxílio de um consultor legislativo da Câmara para avaliar os cerca de 27 projetos que tramitam na casa com pautas de interesse da categoria.

A ideia, diz Sorriso, é sistematizar os projetos em um substitutivo e acelerar a discussão no parlamento através de Audiências Públicas ou uma Comissão Especial.

Regulamentação e transparência

No conjunto das mais de 60 matérias que tramitam no Congresso (Câmara e Senado) se percebe que o tema recorrente é a falta de regulamentação no modelo de negócio onde não só operam entregadores, mas também motoristas de aplicativos.

Na realidade, o assunto é amplo e se verifica que os pleitos em geral não buscam carteiras assinadas, um registro de trabalho, mas, sim, uma regra justa para trabalhar.

“Acredita que até a mochila que a gente usa pra fazer a entrega tem que comprar da Ifood?”, fala outro entregador que também preferiu se manter no anonimato. Segundo ele, além de não se saber como as empresas calculam os pagamentos, há outras coisas nebulosas, sem transparência.

Citando novamente a Ifood, ele fala da figura dos Operadores Logísticos (OL) que garante para a empresa um fluxo de entrega e, por isso, para eles são direcionados o maior número de pedidos. “Ninguém sabe como funciona. Se pra ser OL é convidado ou não”, completa.

Empresas X audiências

Por conta da paralisação no dia 1o, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de São Paulo, capital que concentra cerca de 70 mil entregadores, chamou uma audiência pública virtual para entender as reivindicações dos trabalhadores, ouvir a opinião de especialistas e dialogar com as plataformas digitais.

Segundo o presidente da Comissão, vereador Eduardo Suplicy (PT) as empresas de entrega por aplicativo foram convidadas, mas nenhuma se fez presente. A alegação dada foi “preocupação com possíveis represálias”.

Outra audiência frustrada deveria ter ocorrido no último dia 14. Também motivado pelo Breque dos Apps, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo chamou as plataformas para uma audiência. Dessa vez, alegados problemas técnicos impediram a reunião.

Do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS

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