SinproABC: Professores da Metodista iniciam greve em São Bernardo
Negociação entre universidade e docentes segue sem avanços
Falta de regularização dos recolhimentos dos depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), redução dos salários sem prévio acordo com os trabalhadores e atraso no pagamento dos salários são alguns dos motivos que explicam a greve dos professores da educação básica e do ensino superior da Metodista que começou nesta quarta-feira (10), quando os alunos retornam ao ano letivo.
A Metodista descumpre ainda outros pontos garantidos pela Constituição, como o direito às férias remuneradas uma vez por ano, com o pagamento de, no mínimo, um terço a mais sobre o salário normal, conhecido como terço constitucional.
O desrespeito ao cumprimento de direitos não é exclusivo aos trabalhadores de São Bernardo do Campo, explica a presidenta do Sindicato dos Professores do ABC (SinproABC), Edilene Arjoni Moda.
“A situação é muito complicada em toda rede Metodista e também em outras localidades pelo país. Para se ter ideia, há um passivo trabalhista desde 2019. Em 2020, eles iniciam o ano pagando 50% dos salários e isso vai se repetindo mês a mês, alegando que não tem dinheiro e que tem dívidas e, assim, o ônus recai sobre os trabalhadores. Os professores não estão nem reivindicando melhores condições de trabalho, mas pagamento de salários, direito básico de todo trabalhador”, afirma.
Frente ao descaso da instituição em diferentes cidades, como relatado pela dirigente, professores e funcionários das escolas e instituições metodistas de todo Brasil realizaram no dia 22 de setembro de 2020 o Dia do Basta, data escolhida para atos virtuais e paralisação das atividades pela defesa dos direitos e da dignidade dos trabalhadores da rede.
Mesmo após inúmeras pressões, a instituição se mantém na mesma posição sem o pagamento no prazo legal das férias e do terço constitucional. Em São Bernardo do Campo, o pagamento dos salários integralmente não é realizado desde abril de 2020.
Impasses permanentes no ABC
O SinproABC solicitou Foro Conciliatório para tratar das cláusulas estabelecidas na Convenção Coletiva do Trabalho (CCT), mas não houve avanço nos últimos anos.
“A Metodista enganou todos os professores e professoras, ignorou os processos, as paralisações realizadas no colégio e na universidade. E havia um dissídio coletivo de greve, que impedia a demissão de docentes e, mesmo assim, a Metodista demitiu professores em dezembro de 2019, o que é muito sério”, relata.
Com a pandemia do novo coronavírus, as ausências de resposta da Metodista se acentuaram, afirma Edilene. “Mesmo assim, ganhamos inúmeros processos judiciais, mas a Metodista seguiu desacatando todos eles”.
Questionada pela reportagem da CUT sobre a situação dos trabalhadores, a Metodista afirma que uma “nova proposta de quitação das pendências” já foi entregue para avaliação da categoria.
Segundo o SinproABC, a Metodista apenas apresentou na semana passada slides com alguns dados sobre a instituição e números de alunos, sem a formalização e tampouco entrega de uma pauta de negociação por escrito. Os professores irão debater a questão junto ao sindicato e os próximos passos com relação à greve nesta quinta-feira (11).