Síria, entre fogo e sangue! Vítima de mais um holocausto dos Estados Unidos!
Por Nivaldo Mota*
Impressionante como as narrativas vindas do imperialismo conseguem penetrar nas camadas sociais mais letradas, aquelas que têm acesso muito mais rápido do que os simples mortais.
As bombas jogadas na Síria, no dia 13 de abril de 2018, pelos Estados Unidos, sob as ordens do racista, xenófobo e direitista (quase nazista) Donald Trump, transformaram as três cidades Sírias em uma verdadeira sexta-feira macabra, mas tem gente que apoia, aqui e alhures!
Ora, só para lembrarmos, com a crise do capital, no final dos anos 1990, o império estadunidense passou à ofensiva, tanto do ponto de vista econômico quanto do militar.
Primeiro tentou impor a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), tentativa frustrada, principalmente com a chegada ao poder de campo político contrário às posições hegemônicas dos Estados Unidos. Brasil, Equador, Bolívia, Argentina, Uruguai formaram uma frente para além do Mercosul, isso incomodou o “amo do Norte”!
Os Estados Unidos sempre quiseram ser o “delegado do mundo”, querem intervir em todos os países, principalmente naqueles que contrariam sua política externa. Aqui na América do Sul, têm a Venezuela como principal calo, por isso Maduro, para a nossa imprensa vendida e venal, não passa de um ditador que merece ser deposto da presidência da Venezuela. A nossa classe média, que se diz letrada e inteligente, diz que a Venezuela é comunista, que Maduro é um ditador que merece ser apeado do poder, e por isso apoia a política genocida do império.
Nos outros países daqui da América do Sul, os EUA impulsionam golpes, como no caso do Brasil, em 2016, quando tiraram Dilma do poder por conta das tais pedaladas fiscais, para na semana seguinte, depois da posse do Michel Temer, o Congresso golpista regulamentar as pedaladas, em menos de quinze dias. O que era uma falta grave passou a ser normal, uma vergonha! Tudo isso em conluio com um Judiciário suspeito, um STF comprometido e uma imprensa vassala e submissa ao capital internacional rentista.
Mas a política genocida dos Estados Unidos, independente se seja Democrata ou Republicano, continua em grande vapor ou plutônios, tudo para assegurar o petróleo de cada dia, haja a vista o holocausto perpetrado no Afeganistão, no Iraque e agora na Síria.
Quem não sabe que os Estados Unidos bancaram, armaram, treinaram o grupo dos Talibãs, no Afeganistão, contra a União Soviética, a partir de 1979? Um dos maiores expoentes desse grupo era um árabe, filho do terceiro homem mais rico da Arábia Saudita, que era sócio dos Bush nos Estados Unidos no ramo do petróleo, Osama Bin Laden.
Pois é, quem financiou e armou o famoso “terrorista fundamentalista religioso” foram os Estados Unidos, que depois viram seu rebento virar-se contra eles mesmos, fazendo ações armadas e condenando o “império do mau”! Até hoje paira a questão se os ataques às torres gêmeas em Nova Iorque foram contra os Estados Unidos ou um atentado permissivo para justificar as invasões posteriores e garantir o óleo sagrado.
A mesma coisa aconteceu com o Iraque, principalmente depois da revolução iraniana, que teve como eixo a luta contra os Estados Unidos e o ocidente permissivo. Ao verem colocar para fora Mohammad Reza Pahlavi, fiel escudeiro dos norte-americanos, que entregava suas riquezas naturais aos ianques, os Estados Unidos partiram para uma ofensiva contra o Irã, liderado pelo Aiatolá Sayiid Ruhollah Musavi Khomeini, representante máximo dos xiitas, uma das alas do islamismo. Pois então, com a guerra declarada, quem vai ser financiado para jogar armas químicas sobre o povo iraniano? Sim, ele mesmo, Saddam Hussein, o temido e pintado pelos Estados Unidos algumas décadas depois como maior facínora da humanidade depois do Hitler.
Só faltaram os norte-americanos e a CIA virem ao mundo anunciar que foram eles que financiaram e ensinaram o governo iraquiano a fazer armas com efeitos tão letais. Sim, meus poucos leitores, Saddam foi financiado, armado e empoderado na região do Golfo Pérsico com ajuda dos Estados Unidos. Mas as narrativas são outras, as pessoas acabam fazendo o papel de tolas, apoiam cegamente as teses em sua maioria mentirosas que vêm do Norte!
O que acontece na Síria é quase igual. Não que o governo legitimo dos sírios fosse algum dia aliado dos Estados Unidos, tendo sempre se posicionado contrário. Com isso, fica marcado como o eixo do mal. Mas a Síria tem um forte aliado, desde a época da extinta URSS. Hoje a Rússia é quem garante o governo de Bashar AL Assad, com inteira razão!
Só porque a Síria não é a favor dos governos tirânicos dos Estados Unidos, este país arma e financia toda a sorte de grupos rebeldes, como o Estado Islâmico, por exemplo, que executou milhares de civis, com a lógica de que não fazia parte de um suposto ramo religioso muçulmano. Pura balela, era guerra de extermínio mesmo, para minar o governo sírio.
Mas as nossas classes dominantes, sócias minoritárias do imperialismo, abaixam a cabeça para esses extermínios, organizados e praticados pelos nazistas da atualidade. O que assistimos hoje no mundo é o desespero de um sistema em crise, que procura se garantir como hegemônico, seja pela paz imposta, por golpes, por guerras, extermínios e holocaustos! Só para lembrar, para nunca se esquecer, houve mais de um milhão de mortos, civis, em sua grande maioria, no Afeganistão e no Iraque, com a invasão dos Estados Unidos. Mas aí ninguém questiona, principalmente dos setores da imprensa, da nossa elite vendida e dos setores da classe média, que sempre serviram aos governantes dos Estados Unidos.
*Nivaldo Mota é vice-presidente do Sinpro/AL e integrante da Diretoria Plena da Contee