Sob pressão para queda, Copom se reúne para definir nova taxa de juros
Reunião acontece na próxima terça e quarta; movimento sindical vai às ruas pela redução da Selic
O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne na próxima terça (21) e quarta (22) para definir se mantém a taxa básica de juros (Taxa Selic) em 13,65% ao ano ou se inicia um ciclo de queda.
O entendimento de analistas da área aponta para a manutenção da taxa, contrariando as expectativas do governo e da população.
No caso de manutenção da taxa no mesmo patamar será fundamental uma explicação convincente, aponta a colunista de O Globo, Míriam Leitão, uma vez que desde a última reunião do Comitê a inflação diminuiu, o governo adotou medidas para equilibrar as contas como a reoneração de combustíveis e vem preparando um novo arcabouço fiscal para definir o controle de gastos.
Nesse meio tempo a economia apresentou sinais de desaceleração, cenário que deve ser trabalhado por meio do controle do juros real.
Outro apontamento é quanto a crise bancária internacional motivada, justamente, pela aceleração do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos que levou à quebra de bancos como Silicon Valley e Signature. Estes acontecimentos podem pesar para a decisão do Copom.
De qualquer maneira, em caso de manutenção ou queda, o que se espera é uma boa justificativa sobre a decisão, com o Banco Central, por meio do seu presidente, Roberto Campos Neto, deixando claro o caminho que optou por seguir.
Atos pelo Brasil
Na próxima terça-feira (21), organizações do movimento sindical e social irão promover o “Dia de Luta por Juros Baixos! Fora Campos Neto”. Atos em todo Brasil vão denunciar a hegemonia do rentismo no Banco Central, liderada por seu presidente, o bolsonarista Roberto Campos Neto.
Em São Paulo, o ato será em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista (altura do nº1804), às 10 horas.
Críticas aos juros altos
Todo o governo Lula tem trabalhado para baixar taxa Selic e redesenhar a meta inflacionária. Desde que iniciou uma série de declarações públicas sobre o absurdo da manutenção dos juros altos no atual cenário econômico, Lula ganhou apoio popular e respaldo de nomes do setor financeiro e produtivo.
Nesta segunda-feira (20), o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, classificou a taxa de juros brasileira como “pornográfica” durante conferência promovida pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No mesmo evento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, engrossou o coro e disse que “não há nada que justifique ter 8% de taxa de juros real, acima da inflação, quando não há demanda explodindo e, de outro lado, no mundo inteiro, há praticamente juros negativos. Nós acreditamos no bom senso e que a gente vá, com a nova ancoragem fiscal, superar essa dificuldade.”
*Com informações Agência Brasil