STF dá 48 horas para Anvisa explicar suspensão dos estudos da Coronavac
Comissão de ética não vê motivos para pausa nos testes e deputados querem esclarecimentos sobre o tema
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem 48 horas para explicar a suspensão dos testes da CoronaVac ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Ricardo Lewandowski determinou que a agência esclareça os motivos para definir a paralisação das pesquisas da vacina chinesa contra o coronavírus. A intenção da corte é entender que critérios usados na decisão.
Nas palavras de Lwandowski o assunto tem “relevante interesse público e coletivo”. De acordo com a Anvisa, os testes foram paralisados por causa da ocorrência de “evento adverso grave não esperado”. Um voluntário de 33 anos, morador de São Paulo, morreu. No entanto, segundo informações do Jornal da Tarde, em parceria com a TV Cultura, a causa do falecimento teria sido suicídio.
A CoronaVac é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e está na terceira fase de testes, já com voluntários humanos. No Brasil, o imunizante tem parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. Adversário político do governador João Doria, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou o Ministério da Saúde a firmar um acordo de intenção de compra da substância para inclusão no Programa Nacional de Imunização.
Nesta terça-feira (10) a tarde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que avalia questões éticas de estudos com humanos no Brasil também se manifestou sobre o tema. Para a Conep, o falecimento do voluntário que participava dos testes não justifica a paralisação das pesquisas. O médico Jorge Alves de Almeida Venâncio, coordenador da comissão, disse que o órgão entendeu que o óbito não tem relação com a vacina.
“Optamos por não suspender os ensaios e recomendamos que os pesquisadores nos trouxessem apenas a avaliação final de seu comitê independente”, disse ele, em contraponto à decisão da Anvisa.
Deputados do PCdoB e do PL querem que a Agência, o Instituto Butantan e o Ministério da Saúde expliquem o caso no Congresso Nacional. Eles protocolaram requerimento de convocação do ministro Eduardo Pazuello. Dessa forma, a presença dele na Câmara Federal pra tratar do tema seria obrigatória.
Já o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas seriam convidados. Com isso eles poderiam recusar das explicações à comissão que analisa as ações de combate ao coronavírus no Brasil. O requerimento ainda precisa ser votado, mas não há data para a apreciação.
Bolsonaro diz que Brasil é “país de maricas”
Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a decisão da Anvisa de suspensão dos testes da vacina como uma vitória pessoal. Em uma rede social, o presidente disse “mais uma que Bolsonaro ganha”, ao comentar o assunto. De tarde, ele foi além. Disse que o Brasil precisa “deixar de ser um país de maricas” para enfrentar a emergência sanitária mundial de “peito aberto”.
“Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento, mas todos nós vamos morrer um dia. Aqui, todo mundo vai morrer”, disse ele.
Nesta terça-feira, o Brasil chegou a um total de 162.802 de mortos pela covid-19. Em um dia, houve o registro de 164 óbitos, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). As infeccões pelo coronavírus somam 5.699.005, com 23.973 novos pacientes em 24 horas. Por razões técnicas, os resultados não incluem os dados do Paraná e de São Paulo.
O que é o novo coronavírus
Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.
Como ajudar quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.