UNE e UEE-SP repudiam compra da FMU pela rede americana Laureate

O avanço das fusões e aquisições na área educacional tem sido sistematicamente denunciado pela Contee, cuja campanha “Educação não é mercadoria” continua ativa e é uma das principais lutas da Confederação. A Contee já se manifestou na última semana contra a compra das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) pela rede americana Laureate, que já é dona da Anhembi Morumbi. Na última segunda-feira (26) foi a vez de a União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) também divulgarem nota conjunta, subscrita pela Contee, em repúdio à negociação. 

Leia abaixo a nota de repúdio:

Foi anunciada nesta sexta-feira (23), a compra de mais uma instituição privada de ensino superior por um grupo internacional. O negócio da vez foi a aquisição da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) pela rede americana Laureate, que já é dona da Anhembi Morumbi. A compra da instituição representa a maior transação no setor de ensino superior privado no Brasil desde a fusão entre a Kroton e a Anhanguera, que criou o maior grupo educacional do mundo.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) têm uma opinião bem sólida sobre o cenário e expressam total repúdio pela ação. As entidades sempre foram da opinião de que a universidade é estratégica para o desenvolvimento do país e de que o fortalecimento do seu caráter público, a democratização do seu acesso e a regulamentação do setor privado são eixos fundamentais para que a educação superior brasileira possa produzir conhecimento, pesquisa e extensão favoráveis ao Brasil.

Se é verdade que as universidades públicas tiveram alguns avanços nesse sentido, nos últimos anos, o mesmo não se pode dizer da rede privada de ensino superior. Para se ter uma noção, cerca de 1.317.000 matrículas no ensino superior privado estão nas mãos de apenas quatro grupos estrangeiros, o que corresponde a mais de 25% do número total de estudantes das universidades particulares. Como um carro sem freio, a desnacionalização da educação vai se apropriando velozmente dessa rede.

“A própria lógica do capital vem estimulando o movimento de fusões e a formação de grandes grupos, que passam a dominar o mercado privado como grandes tubarões do ensino. A Laureate vai somar agora mais de 200 mil estudantes por todo o mundo e possui mais de 10 universidades de norte a sul do Brasil. Os problemas maiores dessas compras são o rebaixamento da qualidade de ensino, como a exigência de ensino a distância, e a questão da soberania nacional, na medida em que fundos internacionais passam a controlar um setor estratégico para o desenvolvimento do país”, ratifica Carina Vitral, presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).

A presidenta também afirma que, nesse processo, as escolas realizam o que chamam de reestruturação administrativa, formando verdadeiros holdings. A maior lucratividade é baseada na precarização das condições de trabalho de professores e funcionários, na ausência de condições para desenvolvimento de pesquisa, o que, para a o movimento estudantil, provoca graves prejuízos na formação dos estudantes.

Os grupos internacionais, como precisam apresentar resultados financeiros aos seus investidores, optam por uma educação de baixo custo e isso acaba por mercantilizar o ensino superior privado, o que traz malefícios diretos a qualidade da formação oferecida aos alunos.

Para que esse processo pare de afetar o ensino superior privado, as entidades estudantis já planejam blitz pelas universidades e uma grande ação contra essa última compra. O cenário reforça a urgência da luta contra a desnacionalização da educação brasileira.

São Paulo, 26 de agosto de 2013

União Nacional dos Estudantes (UNE)
União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP)

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