Unisul tem suas contas bloqueadas por não pagar salário do mês de abril aos funcionários
Em ação movida pelo Sinpaaet, no dia 9 de maio, por atraso de salários do mês de abril de 2018, com pedido liminar de bloqueio de contas, o juiz da 2ª Vara do Trabalho de Tubarão determinou, no dia 21 de maio, o bloqueio de R$ 3,6 milhões. Tal decisão atende o pedido em ação do Sinpaaet, que havia solicitado bloqueio no valor de R$ 5 milhões, por entender que este era o montante que ainda faltava ser pago da folha de pagamento do mês de abril. A proposta apresentada pela Unisul ao Sinpaaet, no dia 17 de maio, estabelecia que o salário seria pago somente no mês de agosto, sendo que o Sindicato prontamente não aceitou. Para Gisele Vargas, presidente do Sinpaaet, “não havia como aceitar a proposta da Universidade, pois estamos tratando de um direito básico, de verba alimentar, não há como esperar até agosto para receber o salário de abril. O que os trabalhadores farão com as contas até lá? E comer – necessidade básica de todo cidadão? Adia-se até agosto também?” Além disso, a presidente destaca que “É um desprezo total com as pessoas que fazem da Unisul a Universidade que ela é”.
O Sinpaaet vem dialogando com a Unisul desde 2017, quando esta vem recorrentemente atrasando os salários dos funcionários. Acordos verbais eram realizados, porém nunca cumpridos, pois as desculpas da instalação de uma crise econômica/financeira na instituição sempre foram apontadas.
Com o aumento da crise no Brasil, e sem a tomada de medidas que alterassem profundamente a sua estrutura, a Unisul propôs ao Sinpaaet, em outubro de 2017, a redução da carga horária e respectivos salários de seus funcionários, numa medida emergencial. Esta medida não seria para enfrentar a crise, mas sim para que a Unisul pudesse obter fluxo de caixa, tão somente, e não atrasar os salários nos próximos meses. Sucessivas assembleias com a categoria foram realizadas. Propostas construídas com a categoria foram apresentadas para a Reitoria numa forma de solução para a crise da instituição. Inclusive um grupo de trabalho, no âmbito da Câmara de Vereadores, foi criado com o objetivo de estudar possibilidades de solução da crise para apresentação para a Reitoria e para o Conselho Curador. Nada disso teve êxito, pois não encontrou eco dentro da Universidade.
A Unisul é patrimônio da cidade de Tubarão, sendo a educação estratégica para o desenvolvimento da região em que a Universidade está inserida. Então, tratar a Unisul apenas como uma entidade “em crise” é ser desleal com a sua história, com seus pensadores, com seus estudantes, com os profissionais que formou e com o conjunto de seus trabalhadores. Nós sabemos que a crise pela qual a Universidade atravessa não é de hoje, não é de ontem, ela é estrutural, de gestão/gestões, porém são os trabalhadores de hoje que estão pagando pelos erros do passado e do presente e que já deveriam ter sido, há tempos, solucionados.
Estamos falando de uma crise institucional criada pela própria instituição e foi neste contexto que o Sinpaaet recorreu ao judiciário, pois não encontrou mais compromisso por parte da Unisul em cumprir com direitos básicos dos trabalhadores, que é o pagamento dos salários em dia. Ainda com essa preocupação, com o descompromisso e com o desprezo para com trabalhador que veste a camisa da Unisul e faz com que ela seja uma das Universidades com nota 5 no MEC, é que o Sinpaaet tem buscado informações sobre as negociações que a Universidade vem desenvolvendo com outros grupos educacionais, sendo que o Sindicato sempre se colocou como um parceiro para essas decisões. Mas infelizmente nunca tivemos acesso ou fomos solicitados para tais decisões.
Essa crise na Universidade e essas possíveis parcerias podem colocar em risco não só os nossos salários, mas também os nossos empregos. Está na hora da comunidade começar a se envolver com essa discussão, pois não perdem só os trabalhadores da Unisul e seus alunos, mas toda a comunidade e quem vive economicamente deste patrimônio da cidade de Tubarão.
Veja a sentença:
Do Sinpaaet