#VaiTerCopa: Futebol, linguagem dos povos
Por José Geraldo de Santana Oliveira
O Planeta Terra é constituído por cerca de duas centenas de países, dos quais 192 são filiados à Organização das Nações Unidas (ONU). Muitos deles são constituídos por vários povos e cada país possui os seus próprios valores culturais, morais e religiosos.
Ao longo de milhares de anos, os diversos povos digladiam-se, seja em busca da sobrevivência, nos primórdios da história, seja pela conquista de domínios, materiais e humanos.
O século XX foi o mais sangrento de todos eles, pois as guerras de rapina e de subjugação de povos que nele tiveram lugar ceifaram mais de uma centena de milhões de vidas, sendo que a segunda, que foi de 1939 a 1945, ceifou, sozinha, 70 milhões. Isto sem contar a primeira, a das duas Coreias, a do Vietnã, a do Iraque, a do Afeganistão e outras não contabilizadas oficialmente.
Paradoxalmente, o século XX, ao tempo em que elevou a máquina de destruição humana ao seu ápice, interligou todos os rincões da Terra (já não se pode mais dizer que os nautas não sabem o rumo, porque é tão grande o espaço, como fez o Poeta Castro Alves, em seu magnífico poema O Navio Negreiro); hoje, todas as fronteiras geográficas foram desvendadas; e conseguiu-se a fantástica façanha de criar um símbolo universal de comunicação e de confraternização: o futebol.
Não se tem notícia de um só povo que não ame o futebol; a sua linguagem é universal, todos a entendem e a praticam. Não importam quão diferentes sejam os valores culturais das centenas de povos do mundo; o futebol unifica-os.
Há décadas, a Copa do Mundo de futebol reveste-se da condição de um mágico momento de encontro de todos os povos do mundo; encontro que não se cinge às 32 nações que fazem o espetáculo em campo; as outras 160, de forma uníssona, juntam-se às que disputam a taça: em colossais e indescritíveis júbilo, alegria e confraternização. Os mesquinhos e escusos interesses econômicos, que se multiplicam durante o período de eliminatórias e no da Copa, não empanam o brilho do emblemático significado da festa do futebol. Talvez, o único verdadeiro instante de efetiva paz universal.
Pelo seu significado, sem fronteiras, todos os 192 países filiados à ONU almejam o privilégio de sediar uma Copa do Mundo. Por isto, a escolha que se dá a cada quatro anos é acirrada, em todos os sentidos.
Felizmente, o Brasil, depois de 60 anos, tem a subida honra de sediar a Copa do Mundo de 2014; melhor seria dizer de ser o anfitrião do mundo, na festa universal da confraternização. A não ser para os despachantes das tragédias e das desgraças, isto é, sim, motivo de incomparável orgulho e regozijo para os mais de 200 milhões de cidadãos(ãs), que se abrigam neste abençoado torrão geográfico.
Somente os detratores da alegria e da irmandade universal, que se alimentam de desgraças – como a Loba, da obra de Dante Alighiere, A Divina Comédia, que se alimentava de carne humana, e quanto mais comia, mais fome sentia -, é que, numa atitude totalmente repudiável, procuram lançar cizânia e embaralhar o sincero e espontâneo sentimento de alegria dos(as) brasileiros(as), com vistas a fazê-los voltar-se contra este maravilhoso espetáculo de confraternização.
Os coveiros da alegria, cinicamente, dizem que se gastam bilhões de reais com a realização da Copa do Mundo, dinheiro retirado da educação e da saúde; que é despautério um país cheio de mazelas sociais como Brasil esbanjar dinheiro com este evento; outros, agentes dos mesmos vis interesses, dizem que a Copa será um fiasco; e, por aí, vai.
Estas vozes são cínicas e falsas. Aliás, são as mesmas que, durante décadas, estiveram à frente do poder político e, nelas, só cuidaram de semear, em abundância, a concentração de rendas e, por conseguinte, as desigualdades sociais; e, agora, querem fazer da Copa do Mundo um trampolim para a sua volta ao poder.
É interessante notar que as “bravas” vozes que se levantam contra o suposto “desperdício” de dinheiro, com a realização da Copa do Mundo, mantêm-se em silêncio sepulcral sobre os gastos de dinheiro público com os serviços da dívida interna, que consomem, anualmente, 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB); percentual superior aos investimentos em educação pública, que não ultrapassam 5,3% deste.
O jornal Folha de S.Paulo, em recente matéria sobre a Copa do Mundo, demonstrou, numericamente, que os gastos totais com a sua realização representam apenas um mês de investimentos da educação.
Claro que, até pela dimensão do evento, são mais do que legítimas as manifestações pacíficas de descontentamento com os serviços públicos e de reivindicações por mudanças profundas em sua oferta e garantia. Todavia, as manifestações marcadas pela violência, seja verbal ou física, que se voltam contra o evento, querendo empanar o seu brilho e o seu significado, além de não serem salutares, pois que representam a inaceitável negação do simbolismo universal da Copa do Mundo de futebol (repita-se, o mágico momento de confraternização universal), servem a inconfessáveis e repulsivos interesses.
Por tudo isto, espera-se que os(as) brasileiros(as) e os(as) demais cidadãos(ãs) do mundo, em uma só voz, cantem a alegria da vida, da paz, da liberdade e da confraternização universais. Como fizeram os 20 mil torcedores que, num ato espontâneo, compareceram ao Estádio Serra Dourada, em Goiânia, no último dia 2, para ver um simples treino da seleção brasileira, como preparativo para o jogo amistoso com a seleção do Panamá.
Vivas à Copa do Mundo! Vivas ao futebol, linguagem de todos os povos!
Aos detratores da alegria, só há uma palavra digna: “Vade retro satana”. Afaste-se, satanás.
*José Geraldo de Santana Oliveira é consultor jurídico da Contee