A retomada do protagonismo sindical, ainda que tímido, ao final dos anos da década de 1970 e início dos anos de 1980, rompendo as amarras impostas pelo regime militar, tendo como ponto de virada, quanto ao seu simbolismo, a conferência das classes trabalhadoras (Conclat), realizada na Praia Grande-SP, em agosto de 1981, trouxe muitos novos desafios, para os sindicatos que se reconfiguravam como entidades de luta e de combate.
Dentre os novos desafios sindicais avultava a necessidade de se contar com entidade com representação nacional e respeitabilidade política, interna e externa, capaz de fazer articulações políticas, especialmente, perante o Congresso Nacional. Com esse perfil, a rigor, só existiam a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Confederação dos Professores do Brasil (CPB), posteriormente transformada na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Os/as professores/as e técnicos/as-administrativos/as empregados/as em instituições de ensino privado se ressentiam dessa representação, porquanto se achavam legalmente vinculados/as à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura (Cnteec), fundada em 1966, e sem a mínima tradição de lutas e de atuações em prol das categorias que representava; existindo, a rigor, como entidade de conciliação de classe e com os poderes constituídos.
A Cnteec não demonstrava, àquela época, nenhum apreço nem aptidão para luta sindical, de caráter classista, compatível com os desafios trazidos pelos fortes e inapagáveis ventos democráticos, que exitosamente sopraram sobre o Brasil.
Na década de 1980, somente existiam três federações de professores/as e técnicos/as- administrativos/as, com marca classista e que correspondiam aos novos desafios sindicais; sendo a Federação Interestadual de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Fitee), criada em 1955, e que representava essas duas categorias em Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; a Federação Estadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Estado do Rio Grande do Sul (Fetee-Sul), criada em, representando as duas categorias; e a Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), criada em, representando os professores.
Não se podendo contar com a Cnteec e mediante a imperiosa e inadiável premência de se ter confederação à altura dos desafios e anseios sindicais dos profissionais da educação escolar que se ativam no ensino privado, coube a essas três federações, com amplo e massivo apoio e participação dos sindicatos a ela filiados, a articulação, a organização, a convocação legal e a realização do histórico Congresso de criação da Contee, aos 7 de novembro de 1990, na colônia de férias do Sinpro São Paulo, na Praia Grande; que aprovou seu Estatuto, elegeu a primeira diretoria provisória e convocou o Congresso de Guarapari-ES, realizado em julho de 1991.
Não obstante a sua grandeza política e seu simbolismo, o Congresso de Praia Grande, em novembro de 1990, foi, por assim dizer, o marco formal de criação da Contee, em cumprimento à exigência do Aert. 535 da CLT, para criação de confederação, por iniciativa de três federações com igual representação.
O marco político, de coroamento do ato de criação da Contee, que rompeu em definitivo as amarras da legislação sindical vigente à época e ainda não revogada, que limitava a filiação às confederações às federações, ao permitir que a ela se filiassem, além das federações, os sindicatos de professores/as e técnicos/as-administrativos/as.
Deste movimento nasceu a Contee, entidade de envergadura nacional construída pela força das federações e dos sindicatos classistas, destinada a ocupar papel central na representação de professores/as e técnicos/as-administrativos/as da educação privada. Ao longo de sua trajetória, consolidou-se como protagonista de importantes vitórias políticas e jurídicas, referência na defesa de direitos e expressão viva da organização coletiva no país.
A consolidação de sua criação e de sua história deu-se em dois atos, ambos de relevância colossal e de envergadura política do tamanho do Brasil. Por isso, as comemorações do trigésimo quinto aniversário da Contee inicia-se em novembro de 2025 e se encerra em julho de 2026.
Ao longo desse período, vamos revisitar, resgatar e celebrar cada passo dado pela nossa amada Contee, honrando as lutas, as conquistas e a dedicação de todas e todos que participaram e participam ativamente desses 35 anos de caminhada coletiva em defesa da classe trabalhadora da educação. “Contee em 35 Passos”. Comemore com a gente e acompanhe os capítulos dessa trajetória em nossas redes.





