Vestibular Cidadão abre portas do ensino superior a jovens das periferias
Cursinho criado por estudantes da UnB há dez anos já tem 300 estudantes aprovados em diversas universidades do país
Para ampliar o acesso de jovens carentes a um ensino de qualidade, alunos e ex-alunos da Universidade de Brasília (UnB) se juntaram e criaram o Vestibular Cidadão, um cursinho oferecido, de graça, aos estudantes de baixa renda de Brasília. O projeto, iniciado em 2003, transforma a vida de alunos que sonham ingressar no ensino superior, e foi tema do programa Educação no Ar, exibido pela TV MEC.
O coordenador do Vestibular Cidadão, Aurélio Venturelli, explica que a ideia de oferecer o cursinho de forma gratuita surgiu por iniciativa dos alunos e ex-alunos da UnB. “É uma questão de consciência social”, avalia. “Esse é um trabalho totalmente voluntário. Eles arrumaram um pequeno espaço para dar as aulas e hoje o projeto está aí, só crescendo. ”
Os interessados em participar do Vestibular Cidadão passam por um processo seletivo no qual são avaliados os conteúdos, de uma maneira geral. A seguir, os candidatos são entrevistados. Nessa conversa, os coordenadores tentam conhecer um pouco do aluno e a realidade em que ele se insere. No dia do processo seletivo, paga-se uma quantia simbólica de R$ 10.
O projeto atende alunos de baixa renda, principalmente de escolas públicas do Distrito Federal que cursam o terceiro ano do ensino médio. Estudantes de escolas particulares também podem participar, desde que sejam bolsistas integrais.
Assim como os candidatos, os professores também passam por uma avaliação. O objetivo é alinhar o quanto eles podem agregar na realidade dos alunos. “Muita gente consegue dar aula preparatória, mas entender a realidade dos meninos é um pouco diferente”, destaca Aurélio Venturelli. “Então, tentamos adequar isso, que reconheço ser muito complicado, para realizarmos um excelente trabalho”.
O Vestibular Cidadão tem mais de 300 estudantes aprovados em diversas universidades do país. O projeto já colocou alunos em cursos como medicina, direito, engenharia civil, jornalismo e gastronomia. “Isso não tem preço, ainda mais para mim, como professor”, valoriza o coordenador do cursinho. “Quando o aluno é aprovado e te abraça, te agradece, é muito recompensador. É o sonho daquela pessoa, é a oportunidade dela, de repente, alçar voos mais altos. ”
Assistência Estudantil
O Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) apoia a permanência de estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior (Ifes).
O objetivo é viabilizar a igualdade de oportunidades entre todos os estudantes e contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico, a partir de medidas que buscam combater situações de repetência e evasão.
O Pnaes oferece assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico. As ações são executadas pela própria instituição de ensino, que deve acompanhar e avaliar o desenvolvimento do programa.
Os critérios de seleção dos estudantes levam em conta o perfil socioeconômico dos alunos, além de critérios estabelecidos de acordo com a realidade de cada instituição. Criado em 2008, o programa recebeu, no seu primeiro ano, R$ 125,3 milhões em investimentos. Em 2009, foram R$ 203,8 milhões, a serem investidos diretamente no orçamento das Ifes. Para 2010, a previsão é de que sejam destinados R$ 304 milhões.