Volta às aulas em São Paulo teve 21 mortes e explosão de casos de covid-19 nas escolas
São Paulo – A volta às aulas presenciais determinada pelo governo de João Doria (PSDB) já resultou em 21 mortes causadas pelo novo coronavírus e uma explosão de casos de covid-19 nas escolas do estado, segundo dados da Comissão Médica da Educação da Secretaria de Estado da Educação. Foram 19 trabalhadores da educação e dois estudantes mortos. Mas o governo tucano não informa se as vítimas eram de escolas estaduais, municipais ou privadas. No total, já são 4.084 casos confirmados e 24.345 casos suspeitos de covid-19, desde o início de janeiro. Porém, o aumento das ocorrências após o período de planejamento, no período de 26 a 29 de janeiro, não deixa dúvidas que a volta às aulas levou a uma explosão nas contaminações.
Segundo o Boletim Epidemiológico do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed), foram registrados 33 casos de covid-19 nas escolas paulistas, nas três primeiras semanas de janeiro – menos de 1% do total. Na semana do planejamento da volta às aulas, de 26 a 29 de janeiro, em que os professores foram obrigados a comparecer pelo governo Doria, houve 82 casos de covid-19. Depois disso, os casos se multiplicaram, chegando a 1.130 casos confirmados, na semana de 28 de fevereiro a 6 de março. E totalizando 4.084 casos de covid-19.
A maioria dos casos de covid-19 confirmados foi registrada em escolas estaduais (59%), seguida pelas escolas particulares (37%) e pelas redes municipais (3%). No entanto, apenas 400 das 645 cidades do estado registram casos no sistema de acompanhamento instalado pelo governo Doria.
Criador de ilusões
A cidade de São Paulo também não entra na conta, por possuir um sistema próprio de notificações. Ou seja, muitos casos de covid-19 nas escolas após a determinação da volta às aulas por Doria provavelmente não foram computadas.
Além disso, o governo paulista distorceu dados para criar uma aparência de controle da situação, dizendo que a proporção de casos confirmados de covid-19 nas escolas seria 33 vezes menor do que a registrada no geral. Para isso, calculou a taxa de contaminações por 100 mil habitantes e comparou com a taxa de contaminações por 100 mil estudantes.
Porém, o governo tucano considerou todos os 9,9 milhões de estudantes do estado na conta, o que derrubou a taxa de contaminações para 41 para cada 100 mil estudantes, enquanto a taxa geral é de 1.393 por 100 mil. Porém, até agora, o Plano São Paulo impõe um limite de alunos nas aulas presenciais de no máximo 35%. O próprio secretário da Educação, Rossieli Soares, admitiu que apenas 600 mil estudantes realmente voltaram às aulas. Com esse número, a taxa de contaminação é de 680 casos por 100 mil, um número 16 vezes maior do que o apresentado pela gestão tucana.
A ciência que interessa
Embora alegue seguir orientações científicas na retomada das aulas em meio à pandemia de covid-19, o governo Doria usa parâmetros incorretos para obrigar a manter as escolas abertas. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, considera que a volta às aulas pode ser feita em condições seguras quando a taxa de novos casos é menor que 20 por 100 mil habitantes e o índice de testes positivos para covid-19 é inferior a 5%. Em São Paulo, a taxa de novos casos é de 361 por 100 mil e a de testes positivos é de 32,44%.
Hoje, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti decidiu que o governo Doria não pode obrigar os professores e outros trabalhadores da educação a voltar às aulas presenciais nas escolas sem o controle da pandemia de covid-19. Segundo a decisão, enquanto vigorarem as fases vermelha ou laranja da quarentena, os profissionais da educação filiados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo e outros cinco sindicatos, que são autores da ação judicial, não poderão ser convocados a atividades presenciais. Esse formato já é aplicado aos estudantes.