YouTube bloqueia Bia Kicis por fake news contra a vacinação infantil
Punição contra a bolsonarista ocorre um mês após a deputada também ficar temporariamente impedida de fazer transmissões de vídeo ao vivo no Instagram pelo mesmo motivo
A deputada federal Bia Kicis (União Brasil-DF), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, foi bloqueada no YouTube por sete dias. A punição ocorreu após vídeo do canal da deputada com desinformação sobre vacinação infantil ser excluído pela plataforma por violar as regras sobre covid-19, de acordo com monitoramento da consultoria Novelo Data.
O vídeo excluído estava numa ‘live’ com duração de mais de 4 horas postada em 6 de janeiro em que há defesa de que crianças não sejam vacinadas.
A transmissão, ao vivo, contava com a participação dos deputados Chris Tonietto (União Brasil-RJ) e Diego Garcia (Podemos-PR), do procurador de Sergipe, José Paulo Veloso, da médica bolsonarista Roberta Lacerda e de outros críticos à vacinação.
O mesmo conteúdo segue no ar no Facebook e Twitter.
CONTUMÁCIA CRIMIMOSA
O anúncio sobre o bloqueio foi feito por Bia Kicis em redes sociais. Para burlar a punição da plataforma, a deputada pediu que os seguidores dela acompanhassem página reserva com quase 3 mil seguidores, na qual chegou a postar dois vídeos.
Num desses, anunciou a realização de ‘live’ para a noite do último domingo, mas em seguida foi alertada pelo YouTube que a prática não é permitida.
“Agradeço a todos que se inscreveram no meu canal reserva, mas fui informada pelo YouTube que se eu fizer a ‘live’ por lá, isso seria considerada [sic] uma burla à minha suspensão e ponderei perder em definitivo ambos meus canais”, escreveu na plataforma Telegram.
A propósito, o Telegram é a plataforma preferida pelos bolsonaristas, pois nessa não há restrições, controle ou mediações que possam conter as mensagens mentirosas, com desinformações ou que incitem ódio. A plataforma, por aqui, é o que se pode chamar de “terra de ninguém”.
VIOLAÇÕES RECORRENTES
As regras do YouTube estabelecem que a punição a determinado canal pode ocorrer por violações recorrentes ou depois de uma infração grave, como spam e pornografia.
No caso das normas sobre a covid-19, há um sistema de avisos.
Na primeira violação, é emitido um alerta, enquanto na segunda vez, há o impedimento de postar novos conteúdos por sete dias, caso da deputada bolsonarista.
Em março do ano passado, Bia Kicis já havia sido alvo de remoção na plataforma por postar vídeo com desinformação sobre a covid-19. Daí vem a contumácia.
LEVANTAMENTO DA NOVELO DATA
Se dentro de 90 dias, a deputada for alvo de novo aviso por violar regras vai ficar bloqueada por 14 dias. Se cometer outra infração no mesmo período de 90 dias, o canal é removido permanentemente.
De acordo com levantamento da Novelo Data, o vídeo de Bia Kicis se soma a outros 47 removidos de canais da base bolsonarista nos últimos três meses — a maioria por violações à política sobre covid-19. Nesse grupo, estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o pastor bolsonarista Silas Malafaia.
Como veiculou reportagem de O Globo, segunda-feira (28), em meio às brechas do YouTube como a própria janela de 90 dias, bloqueios para a postagem de novos conteúdos não foram aplicados nos canais de Flávio e Malafaia mesmo com a reincidência no desrespeito às normas internas
A punição a Bia Kicis no YouTube ocorre um mês depois de a deputada também ficar temporariamente impedida de fazer transmissões de vídeo ao vivo no Instagram.
A deputada está entre os investigados no inquérito que apura fake news e ameaças contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em andamento na Corte Suprema. Ela já coleciona série de remoções de conteúdo em diferentes plataformas por compartilhar desinformação.
M. V.