Weintraub fora do MEC; falta Bolsonaro fora da Presidência

Abraham Weintraub anunciou hoje (18) sua saída do Ministério da Educação. Sua passagem de um ano e dois meses pela pasta foi longuíssima e uma tragédia — como tem sido todo o governo Bolsonaro — para o setor educacional. Com uma mão, afagava o movimento Escola Sem Partido e perseguição ideológica ao magistério, bem como à própria ciência; com a outra, acenava entusiasmadamente ao mercado e à sanha privatista na educação. Sua gestão desastrosa seguiu na contramão de tudo o que a Contee defende: o fortalecimento da educação pública, gratuita, democrática, inclusiva e de qualidade socialmente referenciada; a regulamentação da educação privada sob as mesmas exigências aplicadas à rede pública; e o combate à mercantilização, financeirização, oligopolização e desnacionalização do ensino.

Não por acaso, a Confederação protocolou, no dia 28 de maio, por meio de seu coordenador-geral, Gilson Luiz Reis, atualmente licenciado, uma representação na Procuradoria-Geral da República contra Weintraub, pedindo sua denúncia por crime de responsabilidade e consequente abertura de processo de impeachment para afastá-lo do cargo. No documento, a Contee apontou o quanto a conduta do ministro atentava contra os cânones do Estado Democrático de Direito.

Antes disso, no fim do ano passado, a Diretoria Plena da entidade já havia manifestado seu repúdio à permanência de Weintraub à frente do MEC e exigido sua imediata exoneração do cargo, para o qual ele se revelara incapaz desde sua nomeação e do qual sempre se se colocou como frontal inimigo. No documento, a Contee ressaltava que o ministério era “comandado por alguém que se coloca, de um lado, como antidemocrático defensor da pauta ultrarreacionária de perseguição ideológica a professores, estudantes, técnicos administrativos e ao próprio conhecimento científico, e, de outro, como entusiasta e acelerador da privatização da educação pública e dos processos de mercantilização e financeirização do ensino”.

É claro que a queda do ministro não resolve os problemas de má gestão e desmonte na educação. Os interesses olavistas no MEC permanecem; os do Centrão, segundo a imprensa, se ampliam. Nos dois casos, pode-se esperar uma continuidade da atual política educacional anticonhecimento, censória e privatista. No entanto, mesmo assim, a saída de Weintraub é uma vitória, principalmente porque o motivo pela qual ela acontece neste momento é o fato de que as declarações do então ministro nas últimas semanas e sua inclusão no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as fake news acentuaram o desgaste do governo Bolsonaro. E esse desgaste é fruto da resistência das entidades de classe, das organizações de pesquisa e do movimentos sociais que defendem a educação pública e a regulamentação do ensino privado. A resistência, portanto, precisa continuar para enfrentar o que vier, porque a verdadeira vitória da educação, mais do que Weintraub fora do MEC, será Bolsonaro fora da Presidência.

Por Táscia Souza

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