2º dia do Curso Anual do NPC aborda a relação entre a comunicação e a construção de ideologia
“Comunicação e ideologia no Brasil e no mundo” foi o tema do segundo dia do 19º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), realizado nesta quinta-feira (21), no Rio de Janeiro. A temática foi abordada em três aspectos: a relação entre comunicação, educação, cultura e ideologia; a regulamentação das comunicações na Europa, na América Latina e no Brasil – e as ideologias por trás das medidas e ações que a garantem ou a impedem; e o discurso do medo na mídia como controle social.
Na primeira mesa, o professor Gaudêncio Frigotto, da UFF, tratou da relação da estrutura e da conjuntura da sociedade brasileira e os impasses e perspectivas da educação, ao passo que o também professor Andrelino Campos, da Uerj, apresentou uma reflexão – propícia para a semana da Consciência Negra – sobre a “criminalização da senzala” e os modos de ocupação e segregação dos subúrbios, dos quilombos às favelas. Por sua vez, o coordenador do NPC, Vito Giannotti, enfatizou as diferenças entre a “nossa mídia”, das entidades e movimentos progressistas de esquerda, e a imprensa burguesa, além de ressaltar a necessidade de que a mídia dos trabalhadores e dos movimentos sociais não fique centrada nas demandas específicas de suas próprias categorias e lutas, mas aborde também os temas que atingem toda a sociedade sob a perspectiva da classe trabalhadora e das classe populares, a qual não é abordada pelos veículos “tradicionais” da mídia da burguesia.
Na segunda mesa, os jornalistas Altamiro Borges (presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé), Bia Barbosa (do Coletivo Intervozes), Laurindo Leal (professor de Comunicação da ECA-USP) e Cláudia de Abreu (da Fale Rio), debateram as iniciativas de regulação e democratização da mídia, sobretudo na América Latina (com destaque para a Venezuela e na Argentina), e os entraves a esse processo no Brasil. Os debatedores não pouparam críticas ao fato de o governo não se dispor a discutir a questão – a não ser agora, após a espionagem praticada pelos Estados Unidos, em relação ao Marco Regulatório da Internet. Eles também frisaram a importância de debater, defender e coletar assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática.
Por fim, o terceiro momento do segundo dia de curso contou com a participação de Orlando Zaccone, delegado de Polícia Civil e membro do Law Enforcement Against Prohibition (que participou das investigações do Caso Amarildo), e das professoras da UFF Daniele Brasiliense (do curso de Comunicação) e Cecília Coimbra (de Psicologia), esta última integrante do grupo Tortura Nunca Mais. Os três trataram de criminalização – destacando que a criminalização dos movimentos sociais é mesma criminalização das camadas mais pobres da sociedade –, do “estado de cólera midiático” e da produção de bandidos e vilões.
O curso segue até o próximo domingo (24). Nesta sexta-feira (22), o tema é “Jornalismo, internet, cultura e mobilizações sociais”. No sábado (23), os debates serão sobre “A comunicação dos trabalhadores no Brasil de hoje”. Já no último dia será exibido o filme “1964 – Um golpe contra o Brasil”.
Por Táscia Souza, do Rio de Janeiro