Sindicalismo e sindicato

Vítor Andrade*

Desde os primórdios da humanidade, quando o homem passa da sua condição de nômade para sedentário, ele precisa se organizar em sociedade, seja na sua condição de relacionamento interpessoal, seja na sua relação de trabalho. Não se pode deixar de avaliar que também surge algo de muita relevância: a luta de classes, não necessariamente sob uma visão marxista, que envolve uma relação comercial, mas sim a posição de que uns se sobressaem em relação a outros e que a dinâmica de relação de forças é um fato concreto dentro da órbita do capitalismo.

A necessidade de organização dos trabalhadores tem uma ênfase bem grande na Europa, na Idade Média, onde as corporações de ofício trabalhavam mais como uma ferramenta de representação do que de uma bandeira de lutas. Mais tarde, a forma de representação sofre modificações, como na Revolução Industrial, o Ludismo, as Lutas Camponesas, as federações, enfim são lutas de trabalhadores que vão se moldando ao longo dos anos, todas com o objetivo de afirmar a batalha por justas condições de trabalho para o trabalhador.

O sindicato não é apenas uma organização que representa seus associados. O sindicato é uma organização que também carrega consigo a alma de todos os trabalhadores. Sua essência é originada no francês, sendo exatamente aquele que representa uma coletividade ou uma comunidade – sindyc. O sindicato é uma ferramenta política e não um partido político, ele representa a todos, filiados ou não, por isso a importância da participação da categoria. Assim como na política partidária, da qual muitas pessoas têm pavor só de ouvir essa palavra, independentemente de gostarem ou não, elas passam por transformações políticas e serão representadas independentemente de terem votado ou não nos representantes que no poder estão. Daí a importância de se filiar e participar das decisões.

Um sindicato forte é sinal de uma categoria forte, e uma categoria forte se faz com representação e atuação, com sugestões e apontamentos de onde estão erros e onde estão as possíveis soluções. Sindicato não é um Pub, não é um clube, e nem uma entidade assistencial; é um mecanismo que existe para defesa de direitos e em prol de melhorias e, por isso, interesses pessoais não podem estar acima dos interesses coletivo. Os pessimistas reclamam do sindicato e muito pouco fazem por ele. O sindicato não tem dono, ele é de todos, onde todos têm direitos e devem participar. Não se pode utilizar questões pessoais ou políticas para desacreditar seu sindicato.

Filie-se, participe do seu sindicato, nunca desacredite dele, leia, estude. O patronato não pode usar o trabalhador como uma ferramenta de mais-valia e, por isso, estamos todos envolvidos no processo, nossas conquistas sempre serão do tamanho de nossa mobilização, a união de todos trabalhadores do campo e da cidade é que move a nação. Quem te representa tem que te defender e tem que ter a nossa cara e estar a serviço de nossos interesses!

Trabalhadores de todos os países: uni-vos.

*Vítor Andrade é professor de história e diretor do Sinproep-DF

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