Lula diz que Moro “apressou” ordem de prisão para evitar liminar do STF
O ex-presidente Lula disse que o juiz Sérgio Moro “apressou” a sua ordem de prisão por avaliar que o ministro do STF Marco Aurélio Mello poderia conceder uma liminar a fim de impedir a sua detenção. Em entrevista pouco depois das 19h de hoje, Lula disse que Moro e uma parcela da sociedade têm “o sonho de consumo” de vê-lo passar, pelo menos, “um dia na prisão”.
O ex-presidente afirmou que aguardaria uma orientação dos advogados para decidir se se entregaria amanhã às 17h em Curitiba, como determinou Moro. Segundo Lula, o juiz não respeitou a conclusão do julgamento no âmbito do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, porque “há um recurso pendente” para ser analisado no próximo dia 09. O petista declarou que Moro contrariou determinação do dia 24 de março do TRF-4.
Na hora da entrevista, Lula se referiu ao salvo-conduto dado pelo STF. No entanto, seus advogados mais tarde esclareceram, por meio de nota, que ele se referia a uma determinação do próprio TRF-4.
Lula considerou “um absurdo” a ordem de prisão. Disse que processo no qual foi condenado é “todo mentiroso” em relação a ele. Afirmou que Moro e o Ministério Público “se apegam a mentiras”. Repetiu que é “inocente”. “Vou continuar lutando. Tô calmo, sereno”.
Indagado por que Moro teria apressado sua ordem de prisão, Lula disse que acha que o juiz quis se antecipar “à liminar pedida pelo Kakay”, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro ao STF. Nas palavras de Lula, o ministro Marco Aurélio teria sinalizado a possibilidade de conceder uma decisão favorável ao pedido de Kakay.
O ex-presidente diz que Moro teria feito, assim, uma ação política para impedir o seu direito de defesa e feriu o devido processo legal. Lula tratou isso como uma “aposta na radicalização” da parte de Moro e de uma parcela da sociedade que desejariam vê-lo na cadeia.
Indagado se discursaria no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, disse que não tinha essa intenção. Ele se dirigia para lá, onde “muitos companheiros” o esperavam “para dar um abraço”.
Segue o relato da entrevista feito no “Jornal da CBN – 2ª Edição”: