Latino-americanos e europeus debatem a defesa da educação em tempos de pandemia
Denunciando os ataques do Governo Bolsonaro à educação, cultura, ciência e tecnologia, à saúde e aos programas sociais, o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, participou nesta terça-feira, 1º, da Conferência Internacional: Para a Defesa da Educação, Ciência e Cultura, a Serviço de Nossos Povos e Nações, promovida, via internet, pela Confederação de Educadores Americanos (CEA). Os representantes cubanos participaram através de vídeo, já que, devido ao cerco dos Estados Unidos à Ilha, é vetado o acesso de Cuba à plataforma Zoom, utilizada no evento.
Gilson narrou o “momento dramático vivido pelo Brasil, com um presidente neofascista, negacionista, que agrava a situação econômica e social do país”. Fez um breve relato da situação política após o golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República e deplorou o papel do ex juiz e ex ministro Sérgio Moro, “que acabou de mudar-se para os Estados Unidos, para servir a uma empresa que foi favorecida pela equipe da Lava Jato, depois de tirar Lula da disputa eleitoral e promover a eleição de Bolsonaro”.
O representante da Contee também abordou as mazelas causadas pela pandemia do novo coronavírus, “que avança sem nenhum controle do governo federal, que inclusive anunciou que negará vacinação para os brasileiros”. Segundo Gilson, aprofunda-se no país a crise social gravíssima, com recorde histórico de desemprego, diminuição do PIB, prenunciando que “2021 continuará de extrema pobreza e miséria”.
Referindo-se ao setor educacional sob Bolsonaro, o sindicalista relembrou que já passaram quatro ministros pelo Ministério da Educação (MEC), “que foi apoderado pelos militares, pelos fundamentalistas religiosos e pelo setor privado, que disputa recursos públicos”. Enfatizou que o orçamento do MEC caiu de R$ 177 bilhões em 2015 para R$ 74 bilhões em 2019. Reduções também foram impostas aos orçamentos da ciência, tecnologia, cultura, saúde e programas sociais após o golpe.
“Os profissionais do setor privado do ensino lutam para garantir que o retorno às aulas presenciais só ocorra com critérios científicos de proteção sanitária contra a pandemia. Pesquisas apontam que 80% das professoras e professores estão insatisfeitos com as condições do trabalho remoto, mas não podemos voltar ao trabalho presencial – 55 milhões de brasileiros estão diretamente vinculados à educação e têm que ter suas vidas preservadas. Os profissionais se empenham para não deixar que estudantes percam seu processo de formação. Com o trabalho à distância e defesa da vida, também atuamos para unir nosso povo para colocar o país em outro patamar de soberania, justiça social e democracia”, finalizou.
A Conferência da CEA reuniu educadores da América Latina, Espanha e Portugal para debater formas de enfrentamento ao neoliberalismo e às ações de precarização da educação que se intensificaram durante a pandemia da COVID-19, contribuindo para a unidade da categoria a nível internacional.
Além da CEA e da Contee, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof-Portugal) e a Federação de Sindicatos Docentes Universitários da América do Sul (Fesiduas-Argentina) participaram do evento, que reuniu entidades e educadores da Argentina, Brasil, Costa Rica, Cuba, Espanha (Ilhas Baleares e Palma de Mallorca), Honduras, México, Panamá, Portugal (Lisboa) e Uruguai.
Fernando Rodal, presidente da CEA, encerrou a atividade lembrando que a “luta dos trabalhadores e trabalhadoras nos une em todo o mundo, na busca de uma sociedade mais justa e solidária”, reverenciando o escritor uruguaio Mario Benedeti, nascido em 14 de setembro de 1920, e o educador brasileiro Paulo Freire, nascido em 19 de setembro de 1921, pela contribuição que deram à cultura e à luta dos trabalhadores.
Carlos Pompe