Arrocho: 68,7% da mão de obra do país vive com menos de dois salários mínimos

São 66,7 milhões de brasileiros. A parcela dos que ganham até um salário mínimo soma 35,5 milhões, em meio à precarização do trabalho, arrocho na renda e carestia

Informalidade e baixos salários são as atuais marcas do mercado de trabalho brasileiro. Quase 70% dos trabalhadores do país recebem até dois salários mínimos, ou 66,7 milhões de brasileiros de um total de 98,8 milhões de ocupados. Ao contrário do que diz Bolsonaro, de que a economia está “bombando” e está em “plena recuperação”, sob seu governo, a maioria dos trabalhadores passaram a exercer atividades precárias para sobreviver à crise econômica agravada por ele.

Do total de trabalhadores no país, a parcela dos que ganham até 1 salário mínimo (R$ 1.212) chega a 37%, ou 35,5 milhões de trabalhadores. No primeiro ano de governo Bolsonaro eram 27 milhões de trabalhadores que recebiam até um salário mínimo, segundo reportagem do jornal O Globo, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de julho do IBGE e da LCA Consultores.

As mentiras de Bolsonaro às vésperas das eleições, divulgando dados de crescimento de emprego, após seus quatro anos de economia estagnada, com cortes nos investimentos públicos, arrocho salarial e negacionismo diante da pandemia, que tirou a vida de cerca de 700 mil pessoas, não dá para esconder a triste realidade em que se encontram os trabalhadores. São 10 milhões no desemprego, com o Brasil ocupando em 2022 o 5º lugar com a maior taxa de desocupação em um ranking de 40 países, segundo levantamento feito pela Austin Rating.

O fato de a taxa de desocupação, medida pela pesquisa do IBGE, ter recuado para 9,1% em julho deste ano, os números escondem que a população está vivendo com muito pouco e cada vez mais pobre. Sem meios de conseguir trabalho formal, o universo de trabalhadores vivendo por conta própria ou de “bico” explodiu durante os anos Bolsonaro, assim como explodiu a fome no país com 33 milhões de brasileiros sem comida.

Nas entrelinhas da Pnad, aparece um percentual de 39,8% da população ocupada exercendo atividades informais, ou seja, sem proteção social, remuneração fixa, sem estabilidade ou qualquer direito trabalhista – um recorde histórico. São 39,3 milhões de brasileiros no trabalho precário, sem carteira de trabalho. Vivendo de “bico”, por conta própria, estão 25,9 milhões de pessoas.

A consequência disso é o aumento da inadimplência e da pobreza, já que além de baixos salários, a inflação em disparada também é uma realidade com a qual os brasileiros tiveram que voltar a viver nos últimos anos. São 67 milhões de brasileiros que não conseguem pagar suas contas básicas do mês e estão pendurados com os juros extorsivos dos bancos.

Para os quase 67 milhões que vivem com até dois salários e para os 35,5 milhões que precisam sustentar as famílias com até um mínimo, até comprar uma cesta básica se tornou difícil. A carestia não dá trégua, e os alimentos continuam subindo, corroendo o orçamento das famílias e impedindo o acesso a milhões a um prato de comida.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em agosto, a cesta básica de alimentos na capital paulista chegou a R$ 750, o que representa cerca de 67% do salário base atual.

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