Dia da Imprensa: Combate às fake news é desafio, apontam jornalistas
A união de esforços de veículos de comunicação públicos e privados e o apoio do Congresso Nacional e de instituições no combate à desinformação foram pontos de destaque durante sessão especial do Senado nesta sexta-feira (2) para celebrar o Dia da Imprensa. Senadores, jornalistas e representantes de jornais, rádios, TVs e portais de notícias apontaram o combate às fake news como um dos principais desafios da imprensa e da democracia.
Autora do pedido para a realização da sessão, a senadora Leila Barros (PDT-DF) observou que as novas tecnologias permitiram maior acesso à informação, mas facilitou a disseminação de notícias falsas. Ela defendeu a aprovação do PL 2.630/2020, que regulamenta o funcionamento de plataformas digitais. Apresentado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), o projeto está atualmente em análise na Câmara dos Deputados.
— Estamos vivendo uma realidade paradoxal onde a informação é abundante, porém a verdade parece cada vez mais escassa. Diante desse cenário, a sociedade tem discutido amplamente a necessidade de regulamentação das redes sociais. Espero que os deputados deliberem sobre a matéria o mais rapidamente possível — disse Leila.
Diretor de Jornalismo da Band DF, Rodrigo Orengo ressaltou o esforço dos veículos de comunicação e de instituições como o Senado no enfrentamento do problema. Orengo apontou que o que diferencia uma informação produzida pela imprensa profissional e outros produtores de conteúdo é o compromisso em apurar os fatos, ouvir os diferentes lados da história e ainda corrigir eventuais erros de informação:
— A informação é checada e rechecada. Quando há um erro, esse erro necessariamente é corrigido. A imprensa profissional tem o compromisso de fazer a correção — disse.
O diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima, apontou que as fake news não apenas distorcem informações como são muitas vezes utilizadas como instrumento político. O jornalista Guilherme Portanova, da Rede Record, acrescentou que o modelo de negócios das empresas de comunicação está em xeque em tempos de monetização e impulsionamento em redes sociais.
Já o presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado, afirmou que a internet acabou abrindo uma “caixa de pandora”, referência a um objeto da mitologia grega onde ficariam guardados os males do mundo.
— Todos se tornaram jornalistas, mas sem compromisso com a verdade. É comum diante de uma notícia jornalística bombástica divulgada pela internet perguntarem: Deu no jornal? Se não deu, é fake – afirmou.
Liberdade de imprensa e transparência
Coordenador-Geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Silvio Queiroz traçou um histórico do papel da imprensa na luta pela democracia e pela liberdade.
— O jornalismo profissional tem como compromisso fundamental informar a sociedade e só com informação uma sociedade pode ser verdadeiramente livre — avaliou.
Ao parabenizar os veículos de imprensa e os profissionais do setor, Izalci Lucas (PSDB-DF) reforçou o princípio da liberdade de imprensa:
— Para que a imprensa informe, denuncie e transforme é necessário que a profissão seja exercida com competência e acima de tudo, liberdade. Em países democráticos a imprensa exerce papel fundamental, mas em alguns países ditatoriais e alguns ditos democráticos esse direito à liberdade é violado — apontou.
Diretora em exercício da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Senado, Luciana Rodrigues reforçou o papel da comunicação pública:
— Aliada à imprensa tradicional e à imprensa independente, a comunicação pública tem papel fundamental para dar transparência às ações do poder público — assinalou.
A agressão sofrida pela jornalista Delis Ortiz, da TV Globo, foi destacada como um exemplo de ataque à liberdade de expressão durante sessão especial do Senado. A senadora Leila Barros repudiou o episódio na abertura da sessão.
Dia da Imprensa
Instituído por lei em 1999, o Dia da Imprensa é comemorado em 1º de junho, data de lançamento (1808) do Correio Braziliense ou Armazém Literário, publicado em Londres por Hipólito José da Costa. Na justificação de seu requerimento, Leila chama a atenção para o impacto das transformações tecnológicas sobre os meios de informação e defende o papel fundamental da liberdade de imprensa diante de afrontas e atos antidemocráticos.