Diretoria defende vacinação plena e aprova atividades
Reunida nesta sexta-feira, 12, a Diretoria Executiva da Contee discutiu a atual situação política, aprovou a participação em manifestações contra o Governo Bolsonaro e debateu a necessidade de ampla campanha de vacinação na categoria, que atinja todos os segmentos do setor da educação privada – professores, técnicos-administrativos e auxiliares.
Para que ocorra a volta integral ao trabalho presencial é necessária ampla conscientização da importância da vacinação. Em meio à pandemia, é preciso que todos compreendam que não se trata de direito individual, mas coletivo, “isto é, ninguém tem o direito, ao não querer se vacinar, de contaminar os outros”, alertou o coordenador-geral, Gilson Reis. O debate fechou com a decisão de formular nota da Contee em defesa da vida, do trabalho e da ciência.
O coordenador da Secretaria de Finanças, Rodrigo de Paula, apresentou informe sobre o enxugamento dos gastos, com reestruturação financeira, entre outras iniciativas para economizar recursos materiais e financeiros.
Cristina Castro, da Secretaria de Relações Internacionais, abordou os vínculos com entidades e ficou decidido que a Contee vai manter relações orgânicas com a Confederação dos Educadores Americanos (CEA), entre outras entidades, conforme demandas, e apresentou nota de solidariedade a Cuba. Margot Andras, coordenadora da Secretaria de Defesa das Diversidades, Direitos Humanos e Respeito às Etnias e Combate ao Racismo informou que a regional Rio Grande do Sul da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), edição 2022, vai ocorrer em 20 de novembro.
Os demais diretores se posicionaram sobre os temas abordados.
Conjuntura instável
Avaliando a situação política atual, os diretores apontaram a incoerência dos governantes das principais potências econômicas internacionais, que realizam encontros e discursos em defesa do meio ambiente, ameaçado pelo desenvolvimento capitalista, mas não destinam recursos ou adotam medidas concretas para preservá-lo, como apontam as entidades conservacionistas. Falaram da investida estadunidense para isolar a China nas relações com outros países e continentes, denunciando a incoerência dos EUA – o país militarmente mais agressivo desde a Segunda Guerra Mundial – participarem de reunião na Europa “em defesa da paz”. Ao mesmo tempo, opuseram-se à ação intervencionista do governo norte-americano na América Latina, em especial em Cuba (a Executiva aprovou nota de solidariedade à Ilha, que será entregue à Embaixada de Cuba – leia aqui), Peru, Argentina e Nicarágua.
Sobre o Brasil, “instabilidade é a palavra da vez”, afirmou Gilson. Recentes decisões do Judiciário e da Câmara dos Deputados indicam um certo ajuste político em torno do Governo Bolsonaro para impedir uma vitória dos setores democráticos nas eleições presidenciais de 2022. A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, que abre espaço de R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022 e viabiliza o financiamento do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família, faz parte desse projeto. O Bolsa Família se mostrou um programa permanente e exitoso de transferência de renda e Bolsonaro quer substituí-lo pelo Auxílio Brasil, um programa provisório, que não terá os mesmos resultados e nem a mesma quantidade de beneficiários. A PEC será votada ainda no Senado, e a Contee e entidades do movimento popular atuam pela sua rejeição.
Ocorre um esforço monumental das elites para construir uma “terceira via” (um candidato da direita que não seja Bolsonaro) para o pleito do próximo ano, inclusive com o lançamento do ex-juiz e ex-ministro bolsonarista, Sérgio Moro, para a Presidência da República. “Quem vai financiar? Quem vai dar estrutura a essa candidatura? Serão os grandes empresários internacionais e nacionais”, comentou Gilson. Foi apontado ainda que o candidato oposicionista com base e expressão popular, o ex-presidente Lula, é boicotado nos grandes meios de comunicação. Qualquer posição ou análise contrária às posições da elite econômica não tem espaço na mídia.
A inflação em alta, o desemprego, a crise econômica aprofundam as dificuldades dos trabalhadores e da população. A construção e condução da economia são cada vez piores, com a situação de estagflação, caracterizada por inflação alta e crescimento estagnado, associados a altos níveis de desemprego. No chamado mundo do trabalho, novas medidas de Bolsonaro atacam os direitos e a saúde do trabalhador, acabando com recursos de fiscalização. Por outro lado, a resistência do movimento sindical levou à derrota do projeto do governo de Carteira Verde-Amarela, sem direitos trabalhistas, e está sendo preparada a convocação da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) para o início de 2022. “É importante destacar que esse quadro político-econômico vai impactar nas campanhas salariais do próximo ano, já que a inflação anual já está ultrapassando os 10%”, alertou Gilson.
No campo do ensino, continua a política governamental contrária ao ensino público e à política educacional, com o desmonte do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep – a Contee vai emitir nota a respeito), colocando em risco o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Sintetizando o debate, o coordenador-geral considerou que “vivemos um cenário caótico que exige resposta mais forte e mais efetiva do movimento sindical e popular. É importante que participemos das atividades do próximo 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, que centrará na campanha #forabolsonaro, e 4 de dezembro, quando entidades feministas, populares e sindicais realizarão atos do ‘Bolsonaro Nunca Mais’”.
Carlos Pompe e Marcos Verlaine