Economistas defendem queda dos juros do BC
Diante do terrorismo do “deus-mercado” e da mídia rentista, grupo de economistas lançou, na última sexta-feira (10), manifesto em defesa da queda dos juros e contra a política monetária ortodoxa do Banco Central. Com o título “taxa de juros para a estabilidade duradoura: economistas em favor do desenvolvimento”, o documento é encabeçado por Luiz Carlos Bresser-Pereira, Leda Paulani, Monica De Bolle, Luiz Gonzaga Belluzzo, Luciano Coutinho, Nelson Marconi, Antonio Correa de Lacerda, Paulo Nogueira Batista Jr., entre outros intelectuais de renome
Altamiro Borges*
O texto reforça as críticas recentes do presidente Lula aos juros pornográficos de 13,75% mantidos na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
Esse destaca que a “superação dos desafios brasileiros só pode ser alcançada com uma nova política econômica, promotora de crescimento e prosperidade compartilhada”, e que a “razoabilidade da taxa de juros é uma condição indispensável”. Conforme aponta, mantida a orientação atual do Banco Central, “os investimentos perderão para as aplicações financeiras e as remunerações do trabalho e da produção vão perder para a especulação”.
“A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis. O discurso oficial em sua defesa não encontra nenhuma justificativa seja no cenário internacional ou na teoria econômica e o debate precisa ser arejado pela experiência internacional… Os economistas signatários deste manifesto declaram publicamente o apoio a uma política que seja capaz de reduzir substancialmente a taxa de juros, propiciando as condições para a retomada do desenvolvimento com estabilidade sustentável”, afirma o documento – que está aberto a novas adesões no site Change.org.
O terrorismo do “deus-mercado” e da mídia rentista
O lançamento do manifesto tem grande significado no atual momento. Nos últimos dias, os abutres financeiros – que deram sustentação ao fascista Jair Bolsonaro e perderam as eleições de outubro – têm feito grande escarcéu para tentar enquadrar o governo Lula.
É puro terrorismo do “deus-mercado” e da mídia rentista – que tem objetivos tão deletérios quando ao terror bolsonarista do 8 de janeiro que vandalizou Brasília. O presidente tem resistido à violenta pressão – externa e interna.
Na entrevista à mídia alternativa na última terça-feira (8), Lula reafirmou as críticas à política de juros e ao bolsonarista que comanda o Banco Central – o nada autônomo Roberto Campos Neto, ou Bob Fields Neto.
A pressão pela queda dos juros e por mudanças na meta de inflação, porém, não pode se restringir às declarações do presidente eleito. É urgente elevar a pressão das ruas e das redes contra a política monetária que sabota o crescimento da economia e o combate à pobreza.
(*) Jornalista. É coordenador do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé