Para entidades, o “15 de março” foi um avanço das lutas contra reformas de Temer

Em mesa redonda ao vivo, convidados analisaram o cenário de luta e os efeitos das reformas da Previdência e trabalhista

Nadine Nascimento

Dirigentes de entidades sindicais e movimentos populares foram convidados pelo Brasil de Fato, nesta quarta-feira (15), a participarem de uma mesa redonda ao vivo sobre os atos que aconteceram hoje contra as reformas da Previdência e trabalhista. A avaliação foi que os protestos de hoje marcam o início de uma grande mobilização que pode conseguir derrubar tais propostas do governo Temer.

No estúdio de TV do Brasil de Fato, em São Paulo (SP), a conversa aconteceu a partir das 15h e foi dividida em dois blocos. No primeiro momento, participaram a secretária de políticas sociais e direitos humanos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jandira Uehara Alves; o advogado e membro da Consulta Popular Ricardo Gebrim; e o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio.

Já o segundo bloco contou com a presença da diretora de mulheres do sindicato dos metroviários de São Paulo, Ana Cláudia Borguin; do dirigente nacional do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues; e do diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio.

O encontro acontecia enquanto milhares de manifestantes, de centrais sindicais, movimentos sociais e categorias trabalhistas, realizavam paralisações e protestos em 25 estados e no Distrito Federal.

O 15 de março, já histórico, terminou com um saldo de mais de um milhão de pessoas nas ruas de todo o Brasil contra a reforma da Previdência.

“Conseguimos reorganizar todo um campo popular democrático e conquistamos o apoio e simpatia popular. É um ato expressivo que vai fazer a gente entrar em um novo patamar de luta”, comemorou Ricardo Gebrim.

Uehara Alves apontou que o 8 de março já foi um prenúncio do que seriam essas manifestações massivas contra a reforma da Previdência, e que a mobilização desta quarta foi convocada pelos professores da rede pública, que seguem em greve por tempo indeterminado.

“A categoria da educação é majoritariamente feminina. As mulheres estão sendo muito penalizadas nessa reforma. As mulheres professoras, além de perder os cinco anos de aposentadoria especial, de 25 anos está passando para 30, ainda precisam contribuir os 49 anos. Ou seja, é trabalhar até morrer”, lamentou a dirigente da CUT.

Já Ganz Lúcio, do Dieese, destacou a solidariedade entre a classe trabalhadora neste dia 15. Em sua opinião, somente com união será possível barrar “a reforma de maior exclusão social que já se fez no Brasil desde 1988”.

Ele avalia que a reforma retarda o acesso à aposentadoria e exclui milhões de pessoas que não vão chegar aos 65 anos com 25 anos de contribuição para ter direito à aposentadoria.

“Se chegar a ter 25 anos de contribuição, vai ter acesso a uma aposentadoria que é, no mínimo, 25% menor do que é hoje.  É uma reforma que retarda, exclui e arrocha simultaneamente”, alertou.

Reforma trabalhista

A reforma trabalhista também foi citada como uma das principais pautas de luta do próximo período. Segundo os convidados, a terceirização e a possibilidade de o negociado valer mais que o legislado são dois fatores que podem tirar direitos conquistados pela luta dos trabalhadores.

“As maiores vítimas desse processo de precarização são as mulheres, os jovens, os negros, a comunidade LGBT, que já têm trabalhos ruins, que já são as maiores vítimas de acidentes de trabalho, da rotatividade. Estamos nas ruas contra a reforma da aposentadoria, mas temos que deixar muito claro que jamais vamos aceitar o avanço da precarização e a aprovação da terceirização. Isso condena toda uma juventude, uma geração de empregados que será completamente destituída de qualquer direito ou garantia”, disse Índio, da Intersindical.

Lutas

João Paulo Rodrigues, do MST, acredita que o desafio agora é manter o clima de luta no país para pressionar a classe política. “Temer não recua e o Congresso não é de confiança. Por isso nós precisamos criar um clima de luta no Brasil. Essa mobilização mostrou que temos unidade no campo popular e que existe uma reclamação coletiva dos trabalhadores”, considerou.

Neste sentido, a metroviária Borguin comemora a união da sua categoria em São Paulo e o apoio da população.

“Há muito anos o Metrô não fazia uma greve política. A gente sabe que, quando tem greve no Metrô, é um caos na cidade, e a mídia incentiva a população a ficar contra a gente porque não consegue chegar ao trabalho. Como essa pauta atinge a maioria dos trabalhadores, a gente teve muitas demonstrações de apoio”, avaliou.

Borguin se mostrou otimista em relação às próximas ações organizadas. “Esperamos, sinceramente, que seja uma virada no movimento sindical, e que a gente consiga fazer mais mobilizações de rua e mais mobilizações unitárias”, declarou.

Assista à íntegra aqui

Do Brasil de Fato

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