Paulo Freire não será apagado!

Foi aprovada hoje (31), na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, uma moção de repúdio à retirada do título de Patrono da Educação de Paulo Freire. Trata-se de uma importante vitória das entidades educacionais e movimentos sociais, que já haviam lançado um manifesto sobre o assunto, por meio do Coletivo Paulo Freire, contra o obscurantismo que tem atacado a educação brasileira nos últimos tempos, sobretudo pelas mãos do movimento Escola Sem Partido, que tenta amordaçar o magistério, censurando e criminalizando professores por prática de suposta “doutrinação” de esquerda.

Na justificativa da moção, de autoria do deputado Jean Willys (PSOL/RJ), é ressaltado “o compromisso de Paulo Freire com uma educação emancipadora, antagônica a qualquer forma de injustiça, de discriminação, de violência, de preconceito, de exclusão e de degradação das comunidades de vida” e “o rompimento que a filosofia educacional de Paulo Freire representou em relação a uma educação centrada nos conteúdos, bancária, com professores e alunos robotizados, restringindo-se a ler lições pré-programadas”, uma educação “incompatível com a modernidade, que requer habilidades múltiplas, capacidade de iniciativa, visões diferentes e abrangentes, para dar conta da crescente complexidade do mundo e de seus problemas”.

Esses pontos frisados na justificativa sintetizam a educação na qual a Contee acredita. Educação esta que tem sido sistematicamente vilipendiada pelos defensores dos projetos de Leis da Mordaça claramente inconstitucionais — como reconhecido pelo ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta a ação ajuizada pela Contee — que se disseminam pelo país. E é esse desprezo pela educação transformadora que explica a tentativa de apagar a imagem de Paulo Freire da história da educação brasileira: apagar do passado o patrono de nossa educação  assim como tentam apagar a figura do professor da construção do futuro.

No entanto, como reforça a campanha lançada pela Contee contra a desprofissionalização do magistério, apagar o professor é apagar o próprio futuro. Contra isso lutaremos. E Paulo Freire tampouco será apagado.

Por Táscia Souza

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