Pelo menos três indicadores dão sinais de chegada da 3ª onda de covid-19 no Brasil
Média móvel de contaminação, taxa de contágio e ocupação de leitos apontam para novo recrudecimento da pandemia no país
O Brasil registrou nas últimas 24 horas mais 80.486 novos casos confirmados de covid-19, totalizando 16.274.695. E mais 2.398 óbitos, chegando à marca de 454.429. Os dados são do boletim divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Mas, além do boletim do Conass, pelo menos três grandes indicadores apontam para o surgimento de uma terceira onda de covid-19 no Brasil. Isso porque a média móvel diária de casos sobe com consistência há semanas, sete estados já estão com taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 90% e a taxa de contágio superou o teto de 1 pela primeira vez em dois meses nas cinco regiões do país. Outro dado significativo é que pela primeira vez desde o início da pandemia a mediana de idade nas internações está abaixo dos 60 anos.
Segundo o Worldometer, a média móvel de sete dias de novas infecções ganhou força no início do mês, superando a marca de 60 mil no dia 7, para não mais baixar desta marca. No dia 20, beirou os 66 mil (65.961), a maior desse recorte, e permanece acima de 65 mil desde sábado (22) com alta nos últimos três dias, culminando nas 65.910 de terça-feira (25).
O pico desde o início da pandemia foi no dia 27 de março, com 77.129. Há, ainda, casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que, segundo a Fiocruz, apresenta sinais de aumento em oito das 27 unidades da federação. As síndromes respiratórias são, neste momento, causadas em sua grande maioria por infecções de coronavírus.
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Colapso
Segundo reportagem do Estado de S. Paulo, o aumento dos casos é refletido nas ocupação de leitos de UTIs. Sete unidades da federação têm taxas iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (94%), Rio Grande do Norte (96%), Pernambuco (97%), Sergipe (93%), Paraná (95%) e Santa Catarina (95%). Mato Grosso do Sul e Distrito Federal devem ser as próximas a superar a marca, pois tiveram as maiores altas nos últimos dias.
São Paulo, estado mais populoso do país, superou os 80% na terça-feira (25). Na capital, também há sinais da terceira onda de covid-19. Seis hospitais da rede pública ou com leitos contratados estão com 100% dos postos ocupados, e a rede particular já acendeu o alerta. O hospital Albert Einstein, por exemplo, deve abrir 60 novos leitos nas próximas semanas, após ver saltar de 114 para 168 o total de infectados em apenas duas semanas. No Sírio-Libanês, o crescimento foi de 141 casos para 174 em uma semana.
Jovens na UTI
De acordo com o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na sexta-feira (21), a mediana de idade nas internações ficou abaixo dos 60 anos pela primeira. Foi de 55 anos na semana epidemiológica entre 2 e 8 de maio, 11 anos mais baixa do que entre 3 e 9 de janeiro. O mesmo vale para quem precisou de UTI, caindo de 68 para 58 anos nas mesmas bases de comparação.
“Diferente das últimas semanas, mais da metade dos casos de internação hospitalar e internação em UTI ocorreram entre pessoas não idosas. Em relação aos óbitos, embora a mediana ainda seja superior a 60 anos, ao longo deste ano houve queda num patamar de 10 anos. Os valores de mediana de idade dos óbitos foram, respectivamente, 73 e 63 anos”, diz o boletim da Fiocruz.
Taxa de contágio
Outro dado que mostra uma possível terceira onda de covid-19 já apontando no horizonte é a taxa de contágio, conhecida como (Rt). De acordo com reportagem do portal UOL, em todas as regiões do país ela superou na última terça-feira (25) o índice 1, considerado o teto, após 57 dias. As piores foram no Sul e Nordeste, com 1,12 cada. No Norte ficou em 1,06; em 1,02 no Centro-Oeste e 1,01 no Sudeste. Os dados são da Info Tracker, organizados pelas universidades estaduais de São Paulo, Unesp e USP.
O Rt representa a quantidade de pessoas que um infectado está contaminando. Ou seja, se está acima de 1, cada doente pode transmitir o coronavírus para mais de uma pessoa. Sendo assim, entende-se que esse número nunca pode passar de 1.
O índice geral do país entrou neste ano em 1,11, chegou a 1,3, recorde de 2021, em 20 de janeiro e só foi baixar do teto 11 dias mais tarde. Voltou ao 1 em 22 de fevereiro, bateu em 1,29 no dia 16 de março e havia retornado para abaixo do teto em 18 de abril, chegando a 0,86, índice mais baixo do ano, entre os dias 21 e 24 daquele mês. Voltou para o 1 em 4 de maio e ficou em 1,12 de domingo (23) até terça (25).