PF intima Bolsonaro a depor, após ‘ordem’ para disparar fake news
Depoimento foi marcado para o dia 31, em investigação que apura a participação de empresários em tentativa de golpe de Estado
A Polícia Federal (PF) intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento na investigação que apura o envolvimento de empresários em uma suposta tentativa de golpe de Estado. O depoimento está previsto para o próximo dia 31. No entanto, a defesa do ex-presidente pressiona pelo adiamento, alegando que ainda não teve acesso aos autos do inquérito.
Na investigação, a Polícia Federal encontrou mensagens atribuídas ao contato “PR Bolsonaro 8” no celular do fundador da empreiteira Tecnisa, Meyer Nigri. O conteúdo tratava de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e continha notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. “Repasse ao máximo”, dizia, em caixa alta, a ordem que teria partido de Bolsonaro. O empresário, então, respondeu: “Já repassei para vários grupos!”
A mensagem afirmava que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, teria cometido “interferência” e “desserviço à democracia” por atuar contra a adoção do voto impresso. O texto alega ainda que o instituto Datafolha estaria “inflando” os números do então pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva para “dar respaldo” a suposta fraude capitaneada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A PF afirma que a mensagem tinha “conteúdo não lastreado ou conhecidamente falso (fake news), atacando integrantes de instituições públicas especialmente Ministros do STF, desacreditando o processo eleitoral brasileiro”.
A investigação contra os empresários defensores do golpe, porém, foi arquivada por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Entretanto, ele manteve por mais 60 dias a apuração envolvendo Luciano Hang, das lojas Havan, e Nigri. Para a PF, as mensagens confirmam a existência de vínculo entre Nigri e Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito”.