Sobre verdades e memórias
A semana que se encerra amanhã, dia 13 de dezembro de 2014, data em se completam 46 anos do famigerado Ato Institucional Número 5 (AI-5), foi, sem dúvida, uma semana histórica. Para o bem e para o mal. Para as boas e também para as tristes memórias.
A última quarta-feira, 10 de dezembro, ficará marcada: pelo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, pelas lágrimas emocionadas e emocionantes da presidenta Dilma Rousseff ao lembrar aqueles que tombaram na luta e aqueles que merecem a verdade sobre o que aconteceu a parentes e entes queridos, muitos dos quais afligidos justamente pelo mesmo AI-5 que faz anos amanhã.
Ressaltar e refletir sobre o significado simbólico dessas duas datas – a do passado e a do presente – é essencial, sobretudo quando, na mesma semana, um deputado federal agride uma colega de Legislativo com a aviltante e criminosa declaração de que não a estupra porque ela “não merece”. Deputado, aliás, que, diga-se de passagem, é defensor dessa ditadura que combatemos e da qual procuramos resgatar a memória para que ela nunca mais se repita; para que, nas palavras da própria presidenta Dilma, “fantasmas de um passado doloroso e triste não possam mais se proteger na sombra da omissão”. A violência praticada pelo deputado Jair Bolsonaro nesta semana histórica mostra que também temos fantasmas bastante presentes para exorcizar.
Em ambos os casos de exorcismo, a Contee tem dado sua contribuição. Sobre os monstros do passado de repressão e violação de direitos humanos, é destaque a atividade da Comissão da Verdade dos Trabalhadores em Educação do Setor Privado de Ensino e a produção de um documentário, a ser lançado no próximo ano – quando a Confederação chega a seus 25 anos de atuação –, com depoimentos de professores e técnicos administrativos vitimados e perseguidos durante os anos de chumbo.
Mas a Contee também segue firme na luta contra os monstros atuais do machismo, do racismo, da homofobia, da violência, os quais precisam ser combatidos através de uma educação livre de todos os tipos de preconceito. Uma educação que forme para o exercício pleno da cidadania. Uma educação consciente de que a memória de um povo é essencial para a transformação da sociedade no presente e a construção do futuro.
Da redação