Turquia sobe o tom contra Israel e pede julgamento por crimes de guerra
Israel desrespeita leis internacionais na sequência final do Nakba em Gaza. Parte da comunidade internacional pede reparação pelo genocídio
Por Gabriel Valery, da RBA
São Paulo – O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, conversou ontem (28) com o secretário-geral das Nações Unidas, António Gutérres. Em pauta, o massacre de Israel contra palestinos na Faixa de Gaza. Erdogan subiu o tom contra o regime sionista israelense e pediu que o Tribunal Penal Internacional (TPI) julgue o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por crimes de guerra.
Erdogan lembrou da ilegalidade das ações israelenses. Entre elas, ataques sistemáticos contra civis. Dos mais de 15 mil mortos, mais de 60% são mulheres e crianças. Entre as ações questionáveis está o bombardeio de um hospital humanitário turco em Gaza. Hospitais, escolas e unidades humanitárias de instituições como ONU e Médicos sem Fronteiras são alvos prioritários de Israel.
Políticos sionistas não escondem os objetivos de tomar Gaza e acabar de vez com a Nakba na região. Nakba é o nome popular entre palestinos dos avanços militares contra civis na região desde a criação do Estado sionista em 1948. Então, a Turquia ressaltou que Israel cercou Gaza e mandou todos os civis deixarem a região. Contudo, impediu a saída deles por qualquer que seja a fronteira. Caracterizando, assim, um massacre iminente da totalidade dos árabes que ocupam há séculos a região.
Massacre de Israel
Diante disso, o regime de Erdogan, que comanda um país significativamente muçulmano, pede ações da comunidade internacional. “Temos expectativas da comunidade internacional em relação aos ataques ilegais de Israel, o acesso da ajuda humanitária ao enclave e os esforços para uma paz duradoura”, disse o presidente, de acordo com comunicado da agência internacional Reuters.
“Durante a chamada, o presidente Erdogan declarou que Israel continua atropelando descaradamente o direito internacional, as leis da guerra e o direito humanitário internacional, ao mesmo tempo que olha nos olhos da comunidade internacional, e deve ser responsabilizado pelos crimes que cometeu diante do direito internacional”, completa o comunicado. Erdogan já sinalizou que considera o Estado israelense como terrorista, por tocar ações totalmente avessas às leis internacionais e à ajuda humanitária.
Resgate de reféns
Os números do conflito entre os sionistas e o grupo armado Hamas dão conta de mais de 15 mil palestinos mortos, maioria civis, e 1.200 israelenses vítimas do atentado do dia 8 de outubro. Após a repecursão negativa dos ataques incansáveis de Israel que, inclusive, mataram reféns do próprio país no primeiro mês, o regime sionista aceitou uma trégua de seis dias para trocar reféns.
Do lado do Hamas, foram cerca de 240. Do lado de Israel, são incontáveis. O Hamas, então, pediu a libertação de palestinos sequestrados em troca dos israelenses. Muitos dos libertados de Israel são jovens, sequestrados enquanto crianças e adolescentes por Israel, mantidos em prisões especiais, algo análogo a campos de concentração.
Ontem (28), o Hamas libertou 12 reféns israelenses, enquanto Israel liberou 30 civis palestinos. Segundo os militares israelenses, os reféns estão a caminho do Egito e depois serão levados para Israel. O Hamas tenta de qualquer forma encontrar estrangeiros em Gaza para negociar com Israel, sem qualquer paridade. Isso porque os palestinos precisam deste tempo para que a ajuda humanitária chegue à região. Falta tudo. Água, comida, combustível e energia, tudo controlado por Israel após investidas de décadas de massacre e segregação árabe.