Método usa inteligência artificial para detectar fake news com sucesso de 94%
Técnica desenvolvida por mestrando da Federal Fluminense possibilita a análise textual de notícias para verificar se são verdadeiras ou não. Ideia é criar ferramenta online
Como forma de contribuir para o combate às fake news no ambiente digital, um mestrando da Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveu um método para a detecção desse tipo de publicação usando recursos de inteligência artificial (IA). A técnica é capaz de diferenciar o que é verdadeiro ou falso com precisão de 94%.
Para se chegar a este resultado, foram analisadas mais de 30 mil mensagens publicadas na rede social X (antigo Twitter). Ao todo, foram testadas três formas diferentes de averiguação, das quais duas tiveram os melhores resultados e podem ser usadas juntas, de maneira complementar.
A primeira consiste em alimentar um algoritmo com notícias verdadeiras e treiná-lo para reconhecê-las. A outra é semelhante no que se refere à análise textual, mas em vez do uso de algoritmo, foi utilizada metodologia estatística, que analisa a frequência com que determinadas palavras e combinações de palavras aparecem nas fake news.
“A ideia é desenvolver uma ferramenta online em que o usuário possa copiar e colar um texto e que indique se o mesmo apresenta indícios de uma notícia falsa”, explica ao Portal Vermelho o professor e orientador da pesquisa, Diogo Mattos. A técnica resulta de estudo feito pelo engenheiro de telecomunicações Nicollas Rodrigues, em sua dissertação de mestrado pela UFF.
Mattos acrescenta que o método “visa somente analisar o estilo textual para identificar características que sugiram que o texto é uma notícia falsa ou não. Por só analisar o texto, a ferramenta não depende de dados de propagação do conteúdo em redes sociais ou informações dos usuários que o compartilha”.
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A motivação para a pesquisa, diz, deve-se ao “aumento do número de notícias falsas divulgadas e o interesse público pelo tema das fake news, verificado a partir do crescimento na quantidade de buscas no Google desde de 2016”.
A ferramenta pode ajudar inclusive aqueles que acreditam saber diferenciar o que é fato do que é falso. Pesquisa divulgada em abril e feita pelo Instituto Locomotiva mostrou que quase 90% da população brasileira admite ter acreditado em conteúdos não verdadeiros. Segundo o levantamento, oito em cada dez brasileiros já deu credibilidade a fake news. Mesmo assim, 62% confiam na própria capacidade de diferenciar informações falsas e verdadeiras.
Outra pesquisa, de 2022, feita pela Poynter Institute, escola de jornalismo e organização de pesquisas americana, aponta que no Brasil, quatro em cada dez pessoas dizem receber notícias falsas todos os dias.
Diante dos resultados promissores obtidos pela pesquisa, o professor explica que agora o foco é a publicação de artigos científicos que divulguem essas conclusões e dêem publicidade aos métodos testados.
Ele acrescenta que foram desenvolvidos ainda alguns projetos em parceria com órgãos de fomento (CNPq, Capes e Faperj) e com a Prefeitura de Niterói que focam a identificação de fake news e uso de IA para o tratamento de textos.
Por Priscila Lobregatte