Situação do mercado de trabalho confronta ‘febre de pessimismo’

Para analista da Fundação Seade, dados de agosto refletem incertezas da economia, mas foram positivos

por Vitor Nuzzi, da RBA

São Paulo – A taxa de desemprego calculada pela pesquisa Dieese/Fundação Seade em seis regiões metropolitanas e no Distrito Federal foi para 10,6% em agosto, abaixo tanto em relação a julho (10,9%) como em igual mês de 2012 (11,1%). Em São Paulo, os 10,4% representaram a menor taxa para o mês desde 1989. Parte desse resultado deve-se à menor entrada de pessoas em busca de emprego, o que reduz a pressão sobre o mercado de trabalho. Para o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian, os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), particularmente em São Paulo, não apontam para nenhuma “catástrofe”, contrariando algumas análises. “Tem muita insegurança, mas a PED está desmentindo os pessimistas”, afirma.

Os dados mostram certa recuperação da ocupação, que sobe há quatro meses, ainda que em ritmo lento. De julho para agosto, por exemplo, as sete áreas pesquisadas registraram alta de 0,4%, o equivalente a 83 mil postos de trabalho criados. A população economicamente ativa (PEA) praticamente não variou (0,1%), com acréscimo de 15 mil pessoas. Com isso, o número de desempregados, estimado em 2,355 milhões, recuou 2,8% (menos 69 mil).

Em 12 meses, a PEA não teve variação, enquanto o número de ocupados aumentou 0,5%, com 105 mil empregos a mais. O total de desempregados recuou 4,3% – 106 mil pessoas a menos nessa condição.

Na região metropolitana de São Paulo, que responde por aproximadamente 40% do total, a PEA recuou pela primeira vez em agosto. Na comparação com igual mês do ano passado, o recuo foi de 1,5%, com 169 mil pessoas a menos no mercado de trabalho. A ocupação cresceu 0,6% no mês (56 mil a mais) e ficou praticamente estável (-0,2%) em 12 meses, com 19 mil a mais. O número de desempregados foi estimado em 1,131 milhão, queda de 5,5% no mês (menos 66 mil) e de 11,7% em 12 meses (menos 150 mil). “A retomada do crescimento da ocupação desde maio não foi acompanhada pela PEA, que responde muito aos estímulos do mercado”, observa Loloian.

Dos quatro setores pesquisados, três tiveram crescimento do emprego no mês: indústria de transformação (0,5%, 15 mil a mais), comércio e reparação de veículos (1,3%, acréscimo de 151 mil) e serviços (0,3%, mais 39 mil). Na comparação com agosto do ano passado, a indústria tem leve recuo, de 0,2% (menos 6 mil) e os serviços caem 0,6% (71 mil a menos). A construção sobe 3,6% (54 mil ocupações criadas) e o comércio e reparação de veículos, 41% (151 mil).

O rendimento médio dos ocupados (estimado em R$ 1.632) subiu 1,2% no mês e 1% em 12 meses. Na região metropolitana de São Paulo (R$ 1.747), a renda subiu 0,6% na comparação mensal e recuou 2,6% na anual.

Da Rede Brasil Atual

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