Para Dilma, governo interino coloca privatização da Petrobras na mesa
São Paulo – “O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil está caindo porque arrebentaram com a cadeia produtiva do petróleo e gás”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff (PT) em encontro com petroleiros em defesa do pré-sal e da democracia, ontem (4), no Palácio da Alvorada, em Brasília. “Também, é importante dizer que tratam a questão como problema só da Operação Lava Jato, mas o preço do barril do petróleo despencou. Não é uma questão só ligada à operação. Até porque a Lava Jato tenta destruir a cadeia, mas não consegue destruir a Petrobras”, completou.
Dilma ressaltou a importância da empresa estatal para estimular uma cadeia produtiva, por meio da contratação sistêmica de fornecedores. “A Petrobras criou uma indústria por trás, com engenharia e serviços. A empresa tem um papel estratégico que define o PIB brasileiro”, disse. Ao lado do coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, e do ex-ministro chefe da Secretaria de Governo Ricardo Berzoini, a presidenta ressaltou que tal papel da Petrobras vem sendo exercido de forma “extremamente competitiva, não pela proteção do governo, mas sim pela grande capacidade”.
Para a presidenta, as propostas da base do governo interino de Michel Temer (PMDB) colocam na mesa uma vontade de privatizar a estatal. “É o que está novamente em questão. O controle das reservas estratégicas através da quebra do modelo de partilha. Retirar a Petrobras como operadora única é apenas a pré-estreia dos objetivos finais”, afirmou em referência ao Projeto de Lei 4.567/16, de autoria do ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que tramita na Câmara dos Deputados.
Zé Maria, que falou antes da presidenta, reafirmou que as ameaças à Petrobras não são novas. “A empresa vem sendo motivo de disputa desde antes de sua criação. Tem gente que, além do complexo de vira-lata, tem o complexo do entreguista. Acham que devemos ser reféns do capital internacional. Foi assim com o Collor e com o FHC, que tentaram entregar a Petrobras. Os adversários dizem que os governos do PT quebraram a Petrobras. Desafio qualquer um deles a mostrar que, sem esses governos, não existiríamos mais”, disse. “Podemos recordar como símbolos da Petrobras com o FHC o afundamento de plataformas e vazamentos”, completou.
O coordenador da FUP ainda afirmou que não existe problema em investigar ilegalidades na companhia. “Não canso de dizer. A Operação Lava Jato tem apoio de todos os cidadãos. Também nosso, desde que não seja um circo, desde que apure a todos, investigue as pessoas, o CPF e não o CNPJ. Estamos vendo a Petrobras paralisada, toda sua cadeia produtiva. E sabemos que um dos grandes pontos do golpe de Estado é o pré-sal. Para a FUP, o pré-sal deve ser política de Estado e não de governo. A empresa deve ser operadora única.”
A operação da Petrobras significa, de acordo com a vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, a possibilidade de avançar em direitos essenciais do povo brasileiro. “Precisamos restabelecer a democracia em nosso país. Estamos vivendo em um momento de trevas. Temos de ligar o petróleo com a democracia, com a saúde, educação, direitos e com a soberania nacional. Estamos aqui para reafirmar nosso compromisso à campanha de que o pré-sal é nosso”, disse.
Para Dilma, a única forma que interesses entreguistas encontraram de encostar na Petrobras foi por meio do golpe. “Estão tornando isso possível sem eleições, sem discussão política. O colégio eleitoral do povo não aprovaria este programa de governo. Transformaram o colégio eleitoral no Senado, ele que está elegendo o presidente, pouco interessa o que o povo pensa”, disse.