Brasil perde posições em ranking global de universidades e reforça alerta por mais investimento

O mais recente relatório do Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR), divulgado nesta segunda-feira (2), trouxe uma constatação que merece atenção: das 53 universidades brasileiras listadas entre as duas mil melhores do mundo, 46 perderam posições em relação ao ano passado. O dado, embora preocupante, reforça a urgência de ampliar os investimentos nas instituições de ensino superior, em especial na rede pública, que historicamente forma a base da produção científica nacional.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) destaca que o Brasil continua com forte presença no cenário acadêmico global – são mais de 50 universidades reconhecidas internacionalmente –, mas alerta para a necessidade de políticas públicas estruturantes e contínuas que garantam a recuperação e o avanço da qualidade do ensino, da pesquisa e da inovação.

“Apesar das dificuldades herdadas de gestões anteriores e das consequências de anos de cortes e retrocessos, temos um governo hoje que compreende a centralidade da educação para o desenvolvimento do país. Mas os desafios ainda são grandes, e é fundamental garantir orçamento estável, infraestrutura e valorização dos trabalhadores da educação”, afirma a Contee.

Desempenho nacional: USP segue líder; UFRJ e Unicamp se destacam

A Universidade de São Paulo (USP) permanece como a melhor instituição brasileira e da América Latina, ocupando a 118ª colocação mundial. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por sua vez, teve avanço significativo: subiu do 401º para o 331º lugar no ranking global, assumindo a segunda posição nacional. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também subiu uma colocação e figura entre as instituições de excelência.

Outras universidades federais, como a de Brasília (UnB), a de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Tecnológica do Paraná (UTFPR), também apresentaram melhorias em relação ao ano anterior. Esses avanços indicam que, mesmo em um contexto de limitações orçamentárias, o trabalho de docentes, pesquisadores e estudantes segue firme e comprometido com a qualidade.

Cenário internacional: China avança com investimento estratégico

O levantamento mostra ainda uma mudança importante no cenário global: pela primeira vez, a China superou os Estados Unidos em número de instituições no ranking. São 346 universidades chinesas listadas, frente a 319 norte-americanas. Isso revela o esforço consistente de países asiáticos em colocar ciência e tecnologia no centro de suas estratégias nacionais de desenvolvimento.

No Brasil, os impactos de anos de austeridade ainda são sentidos, mas há sinais de retomada. Recentemente, graças à mobilização da comunidade educacional, o corte de R$ 340 milhões no orçamento do Ministério da Educação foi revertido, resultando em uma recomposição de R$ 400 milhões. Um passo importante que reforça o compromisso do governo federal com a educação pública.

A Contee reconhece os esforços do atual governo na reconstrução da educação pública, após um período de ataques e abandono, ressaltando que esse é um processo que exige diálogo permanente com a comunidade acadêmica e a valorização de políticas de longo prazo.

Universidades públicas: Patrimônio do povo brasileiro

As instituições públicas de ensino superior são centros de excelência e inovação, fundamentais para a produção de conhecimento, a formação crítica da população e a construção da soberania nacional.

Os dados do CWUR devem ser vistos como um chamado à ação: o Brasil tem potencial, capital humano e estrutura institucional para estar entre os países líderes em educação e ciência. O que falta é transformar essa base em prioridade contínua de Estado, com orçamento compatível, valorização dos trabalhadores da educação e apoio às políticas públicas que democratizam o acesso e garantem permanência.

Confira o ranking aqui – https://cwur.org/2025.php

Por Romênia Mariani