Contee participa do programa “Aparecida Debate” e discute os desafios do ensino público brasileiro

Nesta terça-feira (11), o programa Aparecida Debate, transmitido pela TV Aparecida, abordou um tema crucial para o futuro dos jovens brasileiros: os desafios do ensino público. Apresentado pelo jornalista Eduardo Miranda, o programa recebeu especialistas e autoridades do setor educacional para discutir as desigualdades no sistema de ensino e os caminhos para melhorar a qualidade da educação no Brasil.
Gilson Reis, coordenador-geral da CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), foi um dos convidados da edição e destacou a realidade do ensino público brasileiro e os desafios enfrentados pelos estudantes, especialmente aqueles da rede pública. Durante o programa, ele sinalizou os impactos das desigualdades educacionais nas oportunidades de acesso ao ensino superior, mencionando as disparidades alarmantes entre o desempenho dos alunos da rede pública e da rede privada.
Para Gilson Reis, o debate sobre a educação pública e privada no Brasil remonta ao século passado, sendo um tema central desde o Manifesto dos Mineiros, na década de 1930. Ele destaca que o manifesto propôs um projeto educacional que visava a construção de um país, de uma nação e de uma sociedade, estabelecendo uma clara divisão entre a escola pública e a escola privada. “A escola pública, ao longo da história, sempre foi um projeto coletivo, um projeto de Estado, destinado a atender a todos os cidadãos”, explicou.
Já a escola privada, segundo Reis, surge como uma alternativa voltada para setores do capital, grupos filosóficos, religiosos e institucionais, que construíram suas próprias escolas para promover os saberes e valores específicos que acreditam ser essenciais à sociedade. “Esse é um debate que precisa ser aprofundado, pois o momento atual exige uma reflexão urgente sobre o rumo tanto da escola pública quanto da escola privada, e os enormes desafios que enfrentamos no presente histórico, em um Brasil onde a educação foi profundamente atacada”, afirmou.
Gilson enfatizou que, enquanto a escola pública é um projeto de todos, voltado para a coletividade, a escola privada é um projeto segmentado, voltado para interesses específicos, que, na maioria das vezes, transforma os alunos em ‘clientes’, dentro de uma lógica de mercado e de relações comerciais.
O programa também destacou dados de pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), que apontam que apenas 5% dos alunos do ensino básico têm desempenho classificado como adequado. Além disso, foi abordado um estudo do IBGE, que revelou que 36% dos estudantes formados em escolas públicas conseguem ingressar no ensino superior, enquanto na rede privada esse índice chega a quase 80%.
Em relação ao acesso ao ensino superior, Gilson elucidou: “A pergunta não é se os alunos de escolas particulares levam vantagem, mas por que essa vantagem existe. A escola privada atende a uma classe social que tem acesso a uma série de recursos, como livros, viagens e computadores, que os alunos da escola pública, em sua maioria, não têm.”

Gilson Reis discutiu a importância de se investir na melhoria da infraestrutura das escolas públicas, buscando proporcionar condições adequadas de ensino para que todos os alunos, independentemente de sua origem, tenham as mesmas chances de sucesso em vestibulares e no ingresso em universidades públicas. “Cinco elementos são fundamentais para avançarmos na educação pública: um projeto político-pedagógico consistente, valorização e qualificação dos trabalhadores da educação, gestão democrática, financiamento adequado e uma infraestrutura escolar decente. Sem esses pilares, não podemos falar em uma educação de qualidade para todos”, salientou.
Ele ainda destacou a necessidade urgente de regulamentar a educação a distância (EaD), principalmente para garantir que todos os alunos, tanto da rede pública quanto da privada, tenham acesso a um ensino de excelência.
Pluralidade
Também participaram do programa Maria Izabel Azevedo, a Professora Bebel, Deputada Estadual e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo, e José Maurício Cardoso, professor de Educação Superior da Universidade de Taubaté. Entre os principais pontos debatidos, destacaram-se as diferenças estruturais entre o ensino público e privado e a necessidade de se dar maior atenção à educação pública, visando garantir equidade no acesso ao ensino superior.
O Aparecida Debate proporcionou uma importante reflexão sobre os caminhos para o fortalecimento da educação pública no Brasil e como as políticas educacionais podem ajudar a reduzir as discrepâncias entre os estudantes da rede pública e da rede privada.
Confira o programa na íntegra
Por Romênia Mariani