Dia Mundial dos Professores: No meio do caminho tinha uma luta

Por Cristina Castro*

No último dia 19 de setembro, os educadores e educadoras brasileiros comemoraram, apesar de todos os ataques, o centenário de nascimento do nosso patrono, Paulo Freire, reverenciado internacionalmente por seu projeto pedagógico de uma educação libertadora. No próximo dia 15 de outubro, por aqui, celebraremos também o Dia dos Trabalhadores em Educação, instituído em memória do fato de que, no dia 15 de outubro de 1827, quando o país ainda era governado por um regime imperial, foi promulgada a primeira lei geral a regulamentar questões relacionadas ao sistema educacional brasileiro. Hoje, no entanto, no meio do caminho entre as duas datas — passados 16 dias da primeira e a dez dias da segunda —, é o mundo inteiro que celebra o Dia Mundial do Docente, marcando o aniversário da subscrição da recomendação da Organização Internacional do Trabalho e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre o estatuto dos professores.

“No meio do caminho tinha uma pedra”, escreveu, em um de seus versos mais famosos, o poeta brasileiro modernista Carlos Drummond de Andrade. Entre o centenário de Paulo Freire e o Dia dos Trabalhadores em Educação no Brasil, esse meio do caminho simbolizado pelo Dia Mundial dos Professores, nesta terça-feira (5), não é uma pedra na qual se tropeça, mas uma sobre a qual se erige toda uma luta coletiva que ultrapassa fronteiras, línguas, culturas. É a pedra fundamental sobre a qual buscamos construir, ao lado de entidades coirmãs e de representantes de tantas nações, a educação como direito primordial de todas as pessoas, no nosso país e no mundo.

Neste dia 5 de outubro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee, entidade sindical brasileira que congrega 1,5 milhão de profissionais do ensino que atuam no setor privado — defendendo, vale dizer, incansavelmente, a educação pública, gratuita, laica, inclusiva, democrática e de qualidade socialmente referenciada, bem como combatendo com veemência a mercantilização e a financeirização da educação —, não poderia deixar de se manifestar. Unimo-nos, portanto, à Confederação dos Educadores Americanos (CEA), à Federação Internacional de Sindicatos de Educadores (Fise), à Internacional da Educação (IE) e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entidades internacionais às quais a Contee é filiada, na homenagem aos professores e professoras de todo o planeta que, sobretudo no difícil momento imposto pela pandemia, demonstraram coragem e ousadia: no uso das tecnologias; no enorme desafio de seguir mesmo em meio à imensa dor pelos mortos; no enfrentamento a todos os covardes ataques feitos na tentativa de desqualificar o magistério e a própria educação.

Nesse meio de caminho em que nos encontramos, lembremos uma vez mais de Paulo Freire: “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”. Que sigamos caminhando lado a lado na luta pela educação.

*Cristina Castro é coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee

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