Papo de terça: Entrevista com a presidenta do Sinpaaet, Gisele Vargas

A diretora da Plena da Contee Gisele Vargas acaba de ser reeleita, neste mês, presidenta do Sindicato dos Professores e Auxiliares de Administração Escolar de Tubarão (Sinpaaet), em Santa Catarina. É com o ela o “Papo de terça” de hoje (27), tratando, entre outros temas, das conquistas da entidade e dos desafios da próxima gestão, além da valorização dos trabalhadores e trabalhadoras em educação do setor privado e da superação da desigualdade de gênero. Confira:

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Contee – Você acaba de ser reeleita presidenta do Sinpaaet. O que destaca como conquistas da última gestão e quais os desafios para a próxima?

Gisele Vargas – A gestão democrática e participativa do Sinpaaet já demonstrou ter se tornado um dos maiores ganhos para a nossa categoria profissional, pois aproximou os trabalhadores em educação do Sindicato, reafirmando o papel desta instituição ao organizar os sindicalizados, garantindo seus interesses, propondo resistência contra a exploração e auxiliando na defesa e ampliação dos direitos trabalhistas.

Na gestão 2011 – 2014 consolidamos a qualidade dos serviços prestados, ampliando o atendimento odontológico, como também os convênios; concluímos a nova sede do Sindicato, estruturada com equipamentos novos e um auditório com capacidade para 50 pessoas; instituímos  o Programa de Formação Continuada com a realização de eventos de integração político-sindical com  discussão de novas temáticas em educação; buscamos novas frentes de negociação reiterando o compromisso com a categoria de ampliar e defender os direitos trabalhistas.

Para a nova gestão os desafios que se avizinham são grandes, pois precisamos avançar em pautas como: ganho real para a categoria, isonomia salarial entre educação infantil, fundamental e ensino médio; implantação da hora-atividade; diminuição do número de alunos por turma; jornada de 40 horas semanais. Para isso, necessitamos ampliar, ainda mais, as frentes de negociação de forma a garantir esses direitos para os professores e técnicos administrativos do setor privado de ensino.

Contee – Como a luta específica de cada sindicato deve se articular com a luta nacional em defesa da categoria dos trabalhadores em educação do setor privado? Quais as pautas que precisam ser nacionais?

GV – Penso que a luta nacional deve ser a tradução das lutas de cada sindicato, pois estes constituem a forma de organização de massas mais importante do país. É no seio dos sindicatos que nascem os anseios dos professores e técnicos administrativos do setor privado de ensino.

Contee – Sua pesquisa de mestrado, que já foi tema de matéria da Revista Conteúdo, mostrou que não é verdadeiro o senso comum de que os docentes do setor privado são melhor remunerados que os da rede pública. Pelo contrário. Que medidas precisam ser tomadas e que bandeiras defendidas para garantir a valorização dos professores do setor privado?

GV – Considerando que a remuneração é parte indispensável em qualquer proposta de valorização profissional, outras questões, como as precárias condições de trabalho, a desqualificação do profissional do magistério pela falta de atratividade na carreira, o estigma de se trabalhar por amor, porque o magistério é um sacerdócio, o que inibe a ideia de profissionalização, são fatores confluentes e que expressam a desvalorização do professor; necessitam ser discutidas, até porque o processo de desvalorização a que foram submetidos os professores perpassa por questões de formação, de carreira, condições de trabalho, bem como por questões salariais.

Por certo que os fatores determinantes na remuneração dos professores do setor público e do setor privado de ensino são diferentes, haja vista as duas categorias de trabalhadores terem características distintas, como, por exemplo, e principalmente, o empregador. Se, para os professores do setor público de ensino, o empregador é o Estado (governo federal, estadual e municipal), para os professores do setor privado, é a iniciativa privada. No entanto, são categorias com similaridades, haja vista enfrentarem os mesmos problemas no que tange as condições de trabalho, a desvalorização profissional, o salário, dentre outros fatores.

Nesse contexto, entende-se que, dentre tantas bandeiras a serem defendidas, uma delas é a valorização do professor da educação básica pela sua titulação, e não como estipulado nas Convenções Coletivas de Trabalho de Santa Catarina, que é pelo nível de ensino em que o professor atua (critério este estipulado pelo PSPN). A hora-atividade e hora-tecnológica também são bandeiras a serem defendidas, haja vista o excesso de trabalho extraclasse ao qual o professor do setor privado de ensino vem sendo submetido.

Contee – A categoria dos trabalhadores em educação é formada, em sua imensa maioria, por mulheres. Mesmo assim, as dirigentes sindicais, como você, ainda são minoria. De que maneira a educação é importante para superar a desigualdade de gênero e como as entidades sindicais podem contribuir para isso?

GV – A educação assume um importante papel na superação da desigualdade de gênero quando ela deixar de ter um caráter reprodutor – aquele de preparar mão de obra para o mercado, e assume um caráter emancipador, como diz Meszáros.

Sabe- se que a educação voltada para a construção da cidadania e em defesa dos direitos humanos tem um papel fundamental e transformador na busca de uma sociedade menos desigual. Aliadas à educação são necessárias políticas públicas voltadas para a construção de relações mais igualitárias em nosso país. E, aqui, entram as entidades sindicais, reivindicando do poder público a elaboração e implementação dessas políticas.

Destaco que o Sinpaaet incorporou no Programa de Formação Continuada a discussão de temas como gênero e etnia, e o que se tem observado é que esses fóruns de discussão têm contribuído na ampliação, para além da categoria, dos debates para a superação das desigualdades entre homens e mulheres.

Da redação

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