“Juros altos causaram queda de 1% na produção industrial em abril”, aponta Iedi

Ao analisar o resultado da produção da indústria nacional de abril, queda de 0,6% ante março, e, no ano, recuo de 1,0%, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) aponta que “todos os macrossetores perderam produção frente a abril de 2022, sendo bens de capital novamente o pior caso”.

“As taxas reais de juros em elevação no país explicam muito disso”, criticou a entidade, na sua carta intitulada “Quedas difundidas”.

Ocorre que, ao manter uma taxa de juros Selic de 13,75% ao ano, elevando o custo do crédito no país, o Banco Central (BC), liderado por Roberto Campos Neto, está forçando a redução das encomendas da indústria – principalmente, as de setores que são mais sensíveis ao crédito, como de bens de capital (máquinas e equipamentos etc.) e de bens duráveis (automóveis, eletrônicos, fogões etc.).

Segundo o Iedi, no acumulado dos meses do ano contra igual período de 2022, “a produção de bens de capital acumula variação de -8,3%, muito influenciada pela evolução de bens de capital para energia (-18,1%) e para a própria indústria (-10,2%).

Este desempenho converge com os dados do PIB, que mostraram um quadro muito fraco para os investimentos no país, que recuaram -3,4% no 1º trimestre de 2023 frente ao 4º trimestre de 2022 e variaram apenas +0,8% em relação ao 1º trimestre de 22”.

A entidade aponta que, além do recuo de 0,6% em abril ter sido mais intenso do que os meses de janeiro (-0,3%) e fevereiro (-0,2%), “o sinal negativo também se mostrou mais espalhado entre seus diferentes ramos. Em jan/23, 44% dos ramos industriais registraram perda, em fev/23 foram 32%, subindo para 64% agora em abr/23. Ou seja, a situação parece estar se complicando para um conjunto maior de atividades industriais”.

Em abril, a produção de bens de capital desabou 11,5% em relação a março. “Desde abr/20, em plena pandemia, que esta parcela da indústria não caía tanto. A produção de máquinas e equipamentos (-9,9%) registrou a queda mais intensa em abr/23, disse a entidade. Na comparação com abril de 2022, a queda foi ainda mais expressiva, de 14,2%.

Já a produção de bens duráveis desabou 6,9%. A entidade explica que a influência para queda veio pelo “ramo de veículos, com variação de -4,6%, e equipamentos eletrônicos e de informática, com -9,4%”.

“Entre os macrossetores em expansão”, prossegue o Iedi, “bens intermediários ficaram muito próximos da mera estabilidade (+0,4%) e bens de consumo semi e não duráveis registraram alta de +1,1%, mas após dois meses seguidos de queda”.

No quadro para o acumulado dos primeiros quatro meses do ano, em que a atividade industrial recuou -1,0%, o Iedi também observou que “a situação é mais crítica para bens de capital, dado o quadro de elevação das taxas reais de juros e enfraquecimento do investimento, como mostraram recentemente os dados do PIB. O declínio tem sido ainda mais forte e mais longo na produção de bens de capital para a própria indústria”.

A entidade destaca que na passagem de janeiro a abril, a produção de bens de capital acumula queda de -8,3% frente ao mesmo período do ano anterior, com máquinas e equipamentos mecânicos caindo -6,4 e elétricos -8,5%. Já a produção de bens de capital para a própria indústria, que está no negativo desde final de 2021, recuou -10,2% em no período, “isto é, dez vezes mais do que a indústria como um todo”, frisou o instituto.

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