Sinpro Chapecó: Mulheres protestam por direitos, dignidade e contra a reforma da Previdência

Nesse ano, o Dia Internacional da Mulher foi marcado não apenas pelas lutas por respeito, dignidade e contra as diversas formas de violência, mas também contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer, especialmente a reforma da Previdência. Em Chapecó, a mobilização e ato na praça central reuniu cerca de 5 mil pessoas. Municípios da região também participaram do ato em Chapecó. Em São Miguel do Oeste, também houve manifestação. Os diretores, delegados regionais e funcionários do Sinproeste participaram dos atos.

A mobilização iniciou às 9h, com concentração na praça, seguindo com caminhada pela Avenida Getúlio Vargas e retorno à praça, onde ocorreu um ato político, com falas de diversos representantes de entidades. O ato reuniu sindicatos, coletivos de mulheres e organizações, estudantes, trabalhadoras do campo e da cidade, mulheres e homens de todas as idades.

Com luta e persistência, as mulheres avançaram e conquistaram mais espaço na sociedade nos últimos 10 anos, apesar de ainda receberem salários menores, sofrerem com o machismo e a misoginia. No entanto, podemos citar avanços como a PEC das Domésticas e a Lei Maria da Penha, que pune agressores que cometem violência contra a mulher. Outra política pública que teve reflexo direto no protagonismo feminino é o fato de os programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida terem a mulher como titular e responsável por administrar os recursos e bens dos programas.

Essas ações, que ainda são pequenas frente à desigualdade e preconceito de gênero em nosso país, contribuíram para um maior protagonismo feminino. Agora, a luta das mulheres e trabalhadores em geral é contra os retrocessos. Derrotar a reforma da Previdência, que prevê perda de direitos para a mulheres, especialmente para as mulheres professoras, passou a ser tarefa prioritária para os movimentos feministas do Brasil. Por isso, a questão da aposentadoria foi o mote principal deste 8 de março.

A mulher e o mercado de trabalho

Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a mulher trabalha 7h30 por semana a mais que os homens. Além disso, os salários femininos são cerca de 30% menores do que o dos homens.

De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nas última duas décadas, mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas, enquanto a proporção de homens que se dedicam ao afazeres de casa ficou em torno de 50%. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) aponta que mesmo aquelas que possuem um alto grau de escolaridade, como mestrado ou doutorado, dedicam mais horas ao trabalho doméstico que os homens, inclusive os que são apenas alfabetizados.

Uma matéria do site El País, na América Latina, aponta que 47 das 100 maiores empresas da região não possuem uma única mulher em seu conselho de administração, segundo um relatório publicado em maio pela Corporate Women Directors International (CWDI), um grupo de pesquisa com sede em Washington. Entre as empresas que contam com mulheres em seus altos cargos administrativos, 43% possui apenas uma mulher. Elas representam, em média, apenas 6,4% dos assentos nos conselhos de administração destas grandes empresas da região. No Brasil, a média é de 6,3%. A região está atrás da América do Norte (19,2%), da Europa (20%) e da região Ásia-Pacífico (9,4%).

Violência contra a mulher

No Brasil, são denunciados cerca de 50 mil estupros anualmente. E estima-se que apenas 10% das vítimas denunciem. A cada 11 minutos uma mulher é vítima de violência doméstica e milhares são assassinadas todos os anos pelo fato de serem mulheres.

O relatório da Anistia Internacional sobre violações de direitos humanos no Brasil em 2016, lançado no fim de fevereiro, aponta que “uma série de estudos durante o ano mostrou que a violência letal contra mulheres aumentou 24% durante a década anterior e confirmou que o Brasil é um dos piores países da América Latina para quem nasce menina, em especial devido aos níveis extremamente altos de violência de gênero e gravidez na adolescência, além das baixas taxas de conclusão da educação secundária”.

Mesmo durante momentos de diversão, as mulheres sofrem. No último carnaval, só no Rio de Janeiro 2 mil mulheres foram agredidas. Balanço divulgado pela PM revelou que ao menos uma mulher foi agredida a cada quatro minutos no estado.

Declarações do presidente da República

O presidente Michel Temer, indo na contramão de toda a luta por igualdade de direitos, salários e responsabilidades, fez seu discurso sobre o Dia da Mulher ressaltando a importância da mulher nos cuidados domésticos e na educação dos filhos, como se elas fossem as únicas responsáveis por isso. Temer ressaltou, em seu discurso, três atribuições das mulheres: criação dos filhos, analisar os preços do supermercado e cuidar dos afazeres domésticos.

Não é a primeira vez que o presidente, que chegou ao poder por ser vice da primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff, deposta no impeachment, se coloca na berlinda por ações ou declarações vistas como machistas. Ele assumiu em maio de 2016 sem colocar nenhuma mulher no gabinete. Agora, das 28 pastas ministeriais, há duas mulheres: uma na Advocacia-Geral da União e outra em Direitos Humanos.

Do Sinpro Chapecó

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