20 de Novembro, um dia de muita reflexão e luta

por José Carlos Negrão*

Em todo o Brasil, os trabalhadores irão às ruas no próximo sábado, 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. Em São Paulo, às 10 horas, faremos a lavagem simbólica da Estátua de Zumbi, na Praça Antônio Prado, no Centro Histórico. Em seguida, às 12 horas, vamos promover uma manifestação em frente ao Masp, na Avenida Paulista, junto ao 7º Ato da Campanha #ForaBolsonaro.

Os negros representam 56% da nossa população. Segundo o IBGE, 112 milhões de brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos. Para termos ideia do que esse número representa, apenas uma única nação africana, a Nigéria, tem mais moradores negros do que o Brasil.

Porém, estamos sub-representados nas universidades, no mercado de trabalho e na política – o que prova não haver democracia racial nenhuma no Brasil. Em 2018, apenas 55,6% dos jovens pretos e partos de 18 a 24 anos cursavam o ensino superior. Entre os jovens brancos, o índice era de 78,8%.

Na política, não é diferente. Os pretos e partos representam somente 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018. Para piorar, os partidos continuam a investir mais em candidaturas brancas. De acordo com o estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça”, os negros respondiam por apenas 16% dos candidatos que tiveram mais de R$ 1 milhão de orçamento de campanha.

A desigualdade racial também está visível no mercado de trabalho. No final de 2020, por exemplo, era de 13,9% a taxa geral de desemprego no Brasil – mas de 15,8% entre os trabalhadores pardos e 17,2% entre trabalhadores pretos. Conforme pesquisadores ligados ao Instituto Insper, o salário de um homem branco é, em média, 159% maior do que o de uma mulher negra, numa demonstração de que preconceitos tão arraigados, como o racismo e o machismo, andam de mãos dadas.

O racismo é um problema histórico e estrutural no Brasil. Mas, sem dúvida, as políticas neoliberais e antipovo do governo Jair Bolsonaro agravaram as desigualdades. Por isso, este 20 de Novembro não é dia de festa, mas, sim, de muita reflexão e luta! As centrais e as demais entidades sindicais abraçam as pautas do Dia da Consciência Negra e renovam a batalha para derrotar o bolsonarismo.

Temos a inspiração pessoal de Zumbi dos Palmares (1655-1695), bem como de sua luta pela libertação dos escravizados e pela resistência à opressão. Por mais de 15 anos, Zumbi liderou o heroico Quilombo dos Palmares, que chegou a reunir 30 mil escravos negros em fuga. Além disso, foi um ícone na defesa da história e da cultura africana. O maior líder quilombola do Brasil foi assassinado em 20 de novembro de 1695 – e a data de sua morte é uma referência especial para todos nós.

Zumbi nos faz lembrar que é preciso incluir a população negra em todas as esferas da sociedade, garantindo sua devida representação e promovendo a igualdade racial. Para combater tantas e tamanhas desigualdades, temos de denunciar as políticas de genocídio e encarceramento em massa dos pretos e pardos, além de cobrar cada vez mais políticas afirmativas, como as cotas raciais. Precisamos de mais negros nas universidades, nos empregos de qualidade e nos cargos de representação. Não seremos uma nação efetivamente livre, desenvolvida e soberana enquanto prevalecer o racismo.

Neste 20 de Novembro, saia às ruas e leve seu grito. Viva Zumbi! Fora, Bolsonaro!

* José Carlos Negrão, secretário de Igualdade Racial do Sindicato dos Condutores de São Paulo (SindMotoristas), é membro do Conselho Fiscal da CTB e da direção do PCdoB São Paulo.

CTB

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