Contee participa do Seminário Internacional da Educação e reforça compromisso com a educação pública
Do local ao global: 300 participantes unem forças em Fortaleza para promover a educação pública e os direitos dos educadores
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE) participou nos dias 29 e 30, em fortaleza, do Seminário Internacional da Educação, promovido pela Confederação Sindical de Educação dos Países de Língua Portuguesa (CPLP-SE) com o apoio da Internacional da Educação (IE) e da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL).
O evento foi organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE) e pela Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico – (PROIFES).
Com o tema “Do local ao global: fortalecendo a educação pública e a organização sindical!”, o seminário aconteceu em paralelo à reunião dos ministros de Educação do G20, evidenciando a importância das discussões no contexto internacional.
O encontro contou com cerca de 300 participantes, incluindo líderes sindicais, educadores e pesquisadores de onze países: Alemanha, Angola, Estados Unidos, Costa Rica, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Uruguai, Argentina e Brasil.
Os participantes discutiram os desafios enfrentados na área educacional, o financiamento da educação pública, a valorização dos profissionais da educação e outros temas relevantes.
Representando a Contee estiveram presentes: a Coordenadora da Secretaria-Geral, Madalena Guasco Peixoto; a Coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais, Cristina Castro, que também integra a diretoria executiva da CPLP-SE.
Além delas, compondo a comitiva da Contee participaram do evento: Leonil Dias da Silva (Sindeducação), Rogério José Erler (Sindeducação), Lindolpho Gadelha Sobrinho (Sindeducação), Claudio Hilário (Sindeducação), Maurício Rogério Serrão (Sinterp MA), João Marques de Fonseca Filho (Sinpro Sul Fluminense), Sérgio Reis Valente (Sinpro Sul Fluminense), Marivaldo Marques Soares (Sinpro Baixada) e Laercio Moreira Sousa (Sinpro ES).
CONTEE NO DEBATE
A Contee conduziu a mesa de abertura, momento em que se fez uma análise conjuntural da educação destacando as principais demandas e desafios. O Painel Sentimentos e Ações foi coordenado pelo diretor da plena da Contee, Leonil Dias e Cristina Castro coordenou a mesa que apresentou e aprovou a Carta de Fortaleza com contribuições do plenário. Ajustes serão feitos pela Comissão Organizadora.
Os representantes da entidade destacaram que o seminário foi um importante espaço para promover o debate educacional e fortalecer as lutas em defesa dos trabalhadores da educação.
Evidenciaram que as discussões sobre a regulamentação do ensino e o aumento do financiamento público para as escolas foram amplamente abordadas, acenando a necessidade de que os problemas locais sejam compreendidos dentro de uma perspectiva global e respaldados por todas as entidades internacionais.
O engajamento da CONTEE reforça seu compromisso com a educação e a valorização dos educadores. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 270 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar estão fora das escolas, e aproximadamente 800 milhões de adultos são analfabetos, a maioria dos quais são mulheres e meninas.
“É preciso mudar essa realidade gritante. Os números denunciam a carência de políticas públicas para fomentar as boas práticas educacionais e oferecer condições dignas de trabalho aos profissionais da educação”, argumentaram os dirigentes.
DIA 1 – 29 DE OUTUBRO
MESA DE ABERTURA
Na abertura, Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e Secretário-Geral da CPLP-SE, destacou a capacidade transformadora da educação e a importância de agir localmente para gerar um impacto global.
David Edwards, secretário-geral da Internacional da Educação, enfatizou que este é um momento crucial para fortalecer as organizações sindicais e promover a solidariedade entre educadores, vital para a transformação da educação e da sociedade.
Sonia Alesso, presidenta da Internacional da Educação para a América Latina, alertou sobre os desafios impostos pela extrema-direita aos direitos dos trabalhadores da educação, citando casos na Argentina e a repressão a movimentos sindicais em diversos países.
Leonardo Barchini, secretário-executivo do MEC, ressaltou que a educação deve ser vista como um investimento, e não um gasto. Ele salientou que retrocessos podem ameaçar os direitos e avanços conquistados e defendeu a valorização dos educadores, além de um investimento contínuo em educação integral e no bem-estar dos profissionais.
Mugwena Mululeke, presidente da Internacional da Educação, expressou sua admiração pela resiliência e diversidade da América Latina, sublinhando a necessidade de combater as desigualdades que afetam as populações indígenas e afrodescendentes nas escolas.
David Edwards também destacou a preocupante escassez de professores e a urgência de proteger os direitos dos educadores em um mundo de crescentes desigualdades. Ele lembrou que existem 33 milhões de professores comprometidos com a solidariedade e a justiça social. Ao final, anunciou que as demandas discutidas serão levadas ao G20 e à UNESCO, buscando soluções para os desafios da educação básica, a crise ambiental e a privatização.
Durante o painel sobre “A Educação, seu Contexto Social e Transformador”, líderes internacionais destacaram a crise na profissão docente, bem como trataram dos desafios relacionados ao financiamento e à valorização dos profissionais da educação.
Maike Finnern, da German Education Union, alertou para a falta de 200 mil educadores na Alemanha, frisando a necessidade de atrair jovens para a carreira e a importância da educação na defesa da democracia diante de políticas extremistas.
Pedro Barreiros, da Federação Nacional da Educação de Portugal, apresentou um cenário alarmante, com 5 mil professores se aposentando e apenas mil sendo formados, ressaltando a sustentabilidade da profissão e a precariedade salarial dos docentes.
João Feliciano, da Fenprof, criticou o subfinanciamento da educação em Portugal e o impacto negativo no acesso à educação de qualidade.
Na América Latina, Gabriela Bonilla, do OLPE-IEAL, chamou atenção para a dependência de fundos do BID e a influência das parcerias público-privadas, alertando para a criminalização dos professores e a necessidade de que o G20 reconheça o papel dos sindicatos e o direito à negociação coletiva.
Além das discussões, o primeiro dia foi abrilhantado por uma animada apresentação cultural de estudantes africanos da Unilab. Com música e dança, eles trouxeram ao evento a vivacidade e o ritmo da cultura africana, criando um momento especial de celebração da diversidade e das interconexões culturais.
O evento ainda festejou os 25 anos da CPLP-SE, reforçando o papel da Confederação no cenário educacional global e sua importância para a luta por uma educação pública de qualidade.
DIA 02 – 30 DE OUTUBRO
O segundo dia do Seminário Internacional da Educação, concentrou-se nas percepções e ações necessárias para valorizar a educação e os trabalhadores do setor, além de discutir o financiamento do ensino público. Representantes de sindicatos e movimentos de diversos países compartilharam suas experiências em um contexto de crescente desvalorização da educação.
Os expositores do painel “Sentimentos e Ações” abordaram a realidade em diferentes nações, unindo-se em torno da ideia de que “sem educação ninguém pode pensar um país”. As falas refletiram preocupações comuns sobre os efeitos adversos das políticas de direita nos sistemas educacionais, ressaltando o risco de cortes no financiamento e a falta de prioridades governamentais adequadas.
Durante o painel Olhares no futuro sobre “As 59 Recomendações da ONU”, coordenado por Leonil Dias, diretor da plena da Contee, os participantes falaram da urgência de garantir que os profissionais da educação sejam adequadamente remunerados, valorizados e respeitados. A discussão enfatizou a importância de um debate global para fortalecer a profissão docente.
As 59 recomendações apresentadas são fruto de mais de dois anos de pesquisa e diálogo com educadores e representantes de diversas nações. De acordo com Sonia Alesso, presidenta da Internacional da Educação da América Latina (IEAL) e secretária-geral da CTERA, a elaboração desse documento ressalta a necessidade urgente de uma educação pública robusta e sustentável.
Esse documento, desenvolvido pela Internacional da Educação em colaboração com as Nações Unidas, tem como objetivo assegurar condições dignas de trabalho para os professores, um financiamento público adequado e uma abordagem educacional inclusiva, fundamentada em princípios de justiça social, cidadania global e preservação ambiental.
Carta de Fortaleza
No encerramento do Seminário Internacional da Educação houve a leitura da Carta de Fortaleza, que será apresentada aos representantes da Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro em novembro. O documento é um Manifesto e conclamação ao compromisso com a Educação Pública e a Valorização dos Profissionais da Educação.
*Com informações da CNTE
Por Romênia Mariani