Marcha contra reformas e defesa dos direitos terá 100 mil em Brasília

A expectativa das centrais sindicais é de reunir em Brasília 100 mil trabalhadores na marcha do dia 24 de maio contra as reformas trabalhista e previdenciária de Michel Temer. Reunião realizada nesta quarta-feira (17) em São Paulo confirma as expectativas otimistas dos dirigentes. No dia 24 a concentração será a partir das 9h no estádio Mané Garrincha e o ato deverá se encerrar no Congresso Nacional. A previsão é ter representação de trabalhadores e movimentos sociais de todo o país.

Pelos números da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), cerca de 200 ônibus mobilizados pela entidade chegarão a Brasília. Os cálculos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) prometem 5 mil sindicalistas na capital federal. 500 ônibus é o que prevê a Força Sindical.

“Na greve geral achava que a paralisação seria grande mas o que aconteceu superou a expectativa. Estamos muito otimistas com a marcha de Brasília será um ato que também pode superar as expectativas”, afirmou o metroviário Wagner Gomes, secretário-geral da CTB. Ele adiantou ainda que o sindicato dos metroviários de São Paulo levará 9 ônibus a Brasília.

“Não quiseram ouvir os trabalhadores”

O presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), José Calixto,  afirmou ao portal da central que o Ocupe Brasília é o primeiro passo para uma nova greve. Segundo ele, Temer e Rodrigo Maia não “quiseram” ouvir os trabalhadores.

“Essas atitudes mostram total insensibilidade e falta de diálogo com o povo brasileiro. Se eles não nos ouvem, resta aos trabalhadores protestarem, o que é direito garantido pela constituição”, enfatizou o presidente da NCST.

Ele citou ainda os milhões de trabalhadores representados pelas confederações que compõem a NCST. “As confederações que compõem nossa central (CNTI, CSPB, CNTTT, CNTEEC e CONTRATUH) estão unidas e organizadas para o enfrentamento às tentativas de retirada dos direitos da classe trabalhadora. Nosso grito é unificado – por nenhum direito a menos”, defendeu José Calixto.

Reformas cruéis

“As reformas são tão cruéis que ajudam na mobilização”, completou Wagner. Na opinião dele, o movimento social tem feito sua parte, levando argumentos aos parlamentares. Ele comentou declaração do relator da reforma trabalhista no Senado Ricardo Ferraço (PSDB-ES) de que vai sugerir “melhorar a regulamentação do trabalho intermitente”.

Marcos Verlaine, consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, definiu assim o trabalho intermitente: “No contrato zero hora, o trabalhador fica à disposição 24 horas por dia. O valor a ser pago pode ser fixado de acordo com o horário que será trabalhado ou com o serviço que será feito”. Esse trabalhador também não os mesmos direitos de uma contratado direto.

“Não existe isso de regulamentar melhor. O trabalho intermitente é a volta da escravidão, contrata por empreitada, depois termina e estamos conversados. Não soma para aposentadoria, férias, pra nada”, denunciou Wagner.

Raposa toma conta do galinheiro

Ricardo Ferraço que é o relator pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) vai acumular também a relatoria da reforma trabalhista pela Comissão de Assuntos Sociais. Atualmente, o Projeto de Lei da Câmara 38/2017 que trata da reforma trabalhista tramita na CAE.

Romero Jucá, líder do governo no Senado, é o relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A expectativa de que alguém ligado aos trabalhadores pudesse ser escolhido para relatoria não se confirmou.

Na Câmara, a reforma da Previdência aguarda para ir à votação em plenário. Como se trata de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), no caso a 287, o texto precisa passar por duas votações em plenário e ter no mínimo 308 votos. Ainda não há data para votação. Na opinião dos dirigentes, o governo tem dificuldades em obter os votos necessários para aprovar.

Por Railídia Carvalho

Do Portal Vermelho

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