Temer usa SBT para mentir sobre Previdência

No vale tudo para acabar com a aposentadoria, governo usa rádio e TVs para convencer o povo de que isso é bom para o país e para a classe trabalhadora

Escrito por: Tatiana Melim

O presidente ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) utilizou, no último domingo (28), uma concessão pública, caso do canal aberto do Silvio Santos, o SBT, para fazer propaganda enganosa e tentar convencer a população de que acabar com a aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras é bom para o País. É mentira que a Previdência está quebrada e que em pouco tempo não haverá mais dinheiro para pagar os aposentados e pensionistas.

“A Previdência é superavitária”, afirma o senador Paulo Paim, relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, que investigou as contas da Previdência Social brasileira e concluiu: o problema que existe é de gestão, má administração, sonegação, desvios e roubalheira.

Em sua conta no Twitter, Paim reagiu indignado à entrevista de Temer no programa de Silvio Santos. “Lamentável. No Silvio Santos, ele [Temer] disse que em pouco tempo não haverá dinheiro para pagar as aposentadorias. O Brasil já está acostumado com sua retórica pífia. Como diz a música… ‘pega na mentira’”.

Segundo Paim, para acabar com o que eles chamam de rombo nas contas do INSS basta “cobrar dívidas das empresas, combater sonegações e fraudes, acabar com desonerações, reduzir os altos juros para o pagamento da dívida pública”, conforme sugeriu o relatório final da CPI da Previdência.

“A arrecadação aí será de trilhões de reais”, destaca o senador.
Os números consolidados pela CPI comprovam que a Previdência não vai quebrar amanhã e que as contas fecharam no azul: entre 2000 e 2015, o superávit foi de R$ 821,7 bilhões. Em contrapartida, nos últimos 15 anos, a Previdência deixou de arrecadar mais de R$ 4,7 trilhões com desvios, sonegações, fraudes e dívidas.

Para o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, Temer utilizou uma concessão pública para fazer propaganda enganosa, sem que houvesse um mínimo de contraponto, o que configura uma imoralidade. “É um absurdo tudo isso. Utilizar dados falsos na rede aberta e pública de televisão para tentar convencer a população de que retirar direitos é bom”, critica.

ReproduçãoReproduçãoSegundo Roni, a ida de Temer ao SBT – está programada para esta segunda-feira (29) a sua participação no Programa do Ratinho – deixa a entender, mesmo que implicitamente, de que tudo neste governo se faz com base na troca de recursos e “favores”.

“O gesto sem graça de Temer no final do programa, oferecendo 50 reais ao apresentador, traduz em imagem o que estou dizendo”, completou.

Temer não sabe o que fala

A primeira resposta de Temer ao ser perguntado por Silvio Santos sobre a necessidade da reforma da Previdência já é uma clara demonstração de que o atual presidente, que assumiu o posto sem votos, não sabe do que está falando.

É a conclusão a que chegou o presidente da CUT, Vagner Freitas, ao desconstruir os argumentos falsos utilizados pelo presidente ilegítimo no Programa Silvio Santos.

Temer tentou ser popular e se aproximar mais das “colegas de trabalho de Silvio Santos”, falando de inflação e compras no supermercado, mas não deu certo. Se confundiu e deixou o auditório sem entender nada. Ele relacionou o desmonte da Previdência ao aumento da inflação e dos preços dos alimentos no supermercado.

Foi socorrido por Silvio Santos, que lembrou o presidente que a inflação está controlada. Temer não se abalou e aprontou mais uma ao dizer que a expectativa de vida do brasileiro irá ultrapassar os 120 anos, daí a necessidade de cortar a aposentadoria do trabalhador agora, segundo ele.

A informação é contestada pelo presidente da CUT, Vagner Freitas. “Temer esqueceu de citar, por exemplo, a situação dos homens no Maranhão e Alagoas, onde a expectativa de vida não passa de 66 anos”, disse o dirigente, referindo-se aos dados do IBGE.

Vagner lembrou também de estudo feito em São Paulo, mostrando que, em bairros da periferia da capital do Estado mais rico do país, as pessoas sequer chegam aos 60 anos.

“Tem bairros em São Paulo em que a expectativa não chega aos 65 anos”, disse ele, citando dados do Mapa da Desigualdade 2017, da Rede Nossa São Paulo, que mostram que um morador do Jardim Ângela, na perifeira da zona sul, vive, em média, 55,7 anos.

“Ou seja, não chega nem aos 65 anos”, completou, referindo-se à idade mínima exigida para que os homem tenham direito à aposentadoria segundo texto da nova proposta de reforma da Previdência de Temer.

“Essa reforma vem para aumentar ainda mais a concentração de renda no país, que já é grande e desigual”, afirma o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, destacando os dados divulgados recentemente pela organização não-governamental britânica Oxfam, que mostram que os cinco bilionários brasileiros concentram patrimônio equivalente à renda da metade mais pobre da população do Brasil.

“Enquanto isso, o governo continua mentindo e a população segue perdendo direitos”, conclui Roni.

Portal da CUT

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