Rejeição ao governo Bolsonaro supera aprovação há 6 semanas, diz PoderData

48% desaprovam, e 40% aprovam

Com a vacinação ainda em rimo lento, o repique de casos e mortes por covid-19 no Brasil e o fim do auxílio emergencial, a aprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro caiu 5 pontos percentuais em 15 dias e chegou a 40%, mostra pesquisa PoderData realizada de 1º a 3 de fevereiro de 2021.

A taxa agora se iguala com a registrada em julho de 2020, mês com mais mortes pelo coronavírus e péssimo momento político para Bolsonaro e seu governo.

A desaprovação se manteve estável em 48%, uma das mais altas proporções desde o início de junho, quando o PoderData começou a fazer a pergunta aos entrevistados. A última vez que a aprovação ao governo superou a desaprovação foi há 6 semanas, na 2ª quinzena de dezembro.

A pesquisa ouviu 2.500 pessoas em 519 municípios das 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

A dificuldade na reação da taxa de aprovação coincide com o fim por completo do auxílio emergencial, que distribuiu quase R$ 293 bilhões aos brasileiros mais pobres. A popularidade de Bolsonaro foi impulsionada no período em que os pagamentos estavam sendo creditados.

O governo estuda o que fazer com os beneficiários do programa, agora desassistidos. Os presidentes de Câmara e Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, falam em elaborar um projeto sem descumprir o teto de gastos. Resta saber de onde sairá o dinheiro.

A pesquisa foi realizada pelo PoderData, divisão de estudos estatísticos do Poder360. A divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.

Foram 2.500 entrevistas em 519 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.

Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.

DESEMPENHO PESSOAL

Quando o PoderData pergunta sobre o trabalho pessoal de Bolsonaro, há 5 categorias como opção de resposta: ótimo, bom, regular, ruim e péssimo.

Nesse cenário, a situação é de estabilidade, mas com percentuais negativos para o presidente. A rejeição é de 41%, e a aprovação, de 33%. Ainda há 22% que acham o presidente “regular”. Todas as taxas tiveram leves variações, dentro da margem de erro, desde o último estudo, divulgado 15 dias antes.

“Essa foi mais uma pesquisa de mudanças marginais nos números. O PoderData detectou oscilação para baixo na avaliação positiva do trabalho do presidente (respostas ‘ótimo’ e ‘bom’), e, ao mesmo tempo, também uma oscilação para baixo na avaliação negativa (respostas ‘ruim’ e ‘péssimo’). Na curva do gráfico dá para notar também que a taxa dos que acham o trabalho de Bolsonaro “regular” sobe a cada quinzena: 17%, 18%, 20% e 22% nos últimos 4 levantamentos. Parece que parte da população está entrando em compasso de espera para então fazer um juízo sobre o que vai acontecer mais adiante”, diz o cientista político Rodolfo Costa Pinto, coordenador do PoderData.

“Quando se trata da aprovação do governo federal propriamente, o movimento tem uma nuance. Enquanto a avaliação do trabalho pessoal de Jair Bolsonaro tem as duas curvas (positiva e negativa) com um traçado simétrico, no caso do governo há uma diferença agora: a desaprovação se manteve (48%), só que a aprovação desceu de 45% para 40%. Os 5 pontos perdidos foram para a categoria de indecisos. É outro sinal de que o eleitor está entrando em ‘modo de observar’, sem adotar um dos lados”, explica Costa Pinto.

DESTAQUES DEMOGRÁFICOS: AVALIAÇÃO DO GOVERNO

O estudo destacou, também, os recortes para as respostas à pergunta sobre a percepção dos brasileiros em relação ao governo.

Os homens (49%), os que cursaram até o ensino médio (48%) e os moradores da região Sul (61%) são os que mais aprovam a administração federal.

Já os mais jovens, de 16 a 24 anos (54%), os que cursaram até o ensino superior (59%), os moradores da região Nordeste (59%) e os que ganham de 5 a 10 salários mínimos (63%) são, proporcionalmente, os grupos que mais rejeitam o governo.

DESTAQUES DEMOGRÁFICOS: AVALIAÇÃO DE BOLSONARO

O estudo destacou, também, os recortes para as respostas à pergunta sobre a percepção dos brasileiros em relação ao trabalho de Bolsonaro.

Leia todos os percentuais no infográfico abaixo:

ESTRATIFICAÇÃO POR RENDA

A rejeição ao presidente é maior que a aprovação em quase todos os estratos. A exceção: pessoas sem renda fixa, grupo que concentra grande parte dos beneficiários do coronavoucher. O efeito dos pagamentos ainda pode perdurar algumas semanas.

Os percentuais destacados nesses recortes da amostra total usada na pesquisa se referem ao ponto central do intervalo de probabilidade no qual se enquadram.

As variações são maiores em alguns segmentos porque a amostra de entrevistados é menor. E quanto menor a amostra, maior a margem de erro. Por isso é importante realizar pesquisas constantes, como faz o PoderData. É possível verificar com maior precisão o que se passa em todos os estratos da sociedade.

OS 22% QUE ACHAM BOLSONARO “REGULAR”

No Brasil, pergunta-se aos eleitores como avaliam o trabalho do governante. As respostas podem ser: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. Quem considera a atuação “regular” é uma incógnita.

Para entender qual é a real opinião dessas pessoas, o PoderData faz um cruzamento das respostas desse grupo com os que aprovam ou desaprovam o governo como um todo.

Os resultados mostram que 40% desse grupo dizem aprovar o governo quando dadas apenas duas opções. Os que desaprovam são 36%.

As variações em 15 dias ficaram dentro da margem de erro do estudo (2 p.p.). O grupo tende a ficar em modo de “observação” e se move de um lado para o outro à medida que a polarização se intensifica.

Do Poder360

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