Sinpro/RS: As histórias da menina que quer tributar as grandes fortunas

Personagem de Aroeira foi criada para promover o debate sobre a tributação dos super-ricos. O material será usado com crianças e adolescentes nas redes de ensino

Por Cristina Ávila

Personagem de Aroeira surge para fomentar o debate em crianças e adolescentes sobre desigualdade, economia e tributação de fortunas
Personagem de Aroeira surge para fomentar o debate em crianças e adolescentes sobre desigualdade, economia e tributação de fortunas e faz parte de campanha. Foto: Reprodução/Aroeira/Divulgação

Uma carinha nova começará o ano letivo nas salas de aula ajudando os professores a explicar o Brasil e a criar conversas sobre enfrentamentos às desigualdades sociais causadas pela concentração de renda. É Niara, personagem em quadrinhos do cartunista Aroeira que chegará não somente nas escolas, mas desde dezembro já está ganhando simpatia nas redes sociais, com a principal tarefa de contribuir para a compreensão sobre a urgência de tributar grandes fortunas, que neste momento tem o objetivo especial de financiar o combate à pandemia da covid-19.

“A Niara diz coisas de adulto, mas com a honestidade que as crianças têm", descreve Aroeira
“A Niara diz coisas de adulto, mas com a honestidade que as crianças têm”, descreve Aroeira. Foto: Acervo Pessoal/Divulgação

Ela é a mascote da campanha Tributar os Super-Ricos, lançada por 70 entidades para promover uma reforma tributária com justiça fiscal com medidas urgentes, diminuindo impostos para os mais pobres e às pequenas empresas, aumentando para altas rendas e grandes patrimônios (principais propostas).

“A Niara diz coisas de adulto, mas com a honestidade que as crianças têm. O personagem infantil que discute o mundo não é imaginativo. As crianças são mais capazes de compreender. E ela é um desenho para crianças, pré-adolescentes e adolescentes discutirem nas escolas e nas redes, e para os adultos também”, descreve Renato Aroeira, que traz a brasileirinha típica nos moldes de Mafalda e de Armandinho, do argentino Quino e do catarinense Alexandre Beck, que têm em comum a infância reflexiva sobre direitos coletivos à liberdade e dignidade.

Livro e salas de aula

A diretora do sindicato dos professores de escolas públicas do Distrito Federal (Sinpro-DF) e integrante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Rosilene Corrêa, conta que está empenhada na divulgação de Niara nas salas de aulas.

A partir da experiência realizada como piloto por professores não apenas em Brasília como de algumas outras cidades, o sindicato brasiliense decidiu editar um livro virtual para servir de material didático.

A menininha nasceu a partir de conversas dela com o cartunista como uma das ferramentas da campanha Tributar os Super-Ricos, que começou com o Instituto Justiça Fiscal (IJF), uma organização não-governamental de Porto Alegre cuja ideia se aliou a 70 outras ONGs no país.

Pandemia

“A campanha ganhou força na pandemia, que escancarou a desigualdade. E temos que falar com quem sofre essa desigualdade, e a Niara está cumprindo bem essa tarefa. Porque as pessoas se identificam. Ela tem capacidade de se comunicar com nossa juventude, crianças, pais de alunos sobre essa política tributária injusta”, comenta Rosilene Corrêa“O Estado precisa assumir responsabilidades e para isso precisa ter caixa. Tivemos avanços, mas não tivemos políticas satisfatórias, por isso vivemos hoje o desmonte da educação pública, desde a educação infantil até a educação superior. Porém, hoje vivemos a urgência da saúde e é essa nossa prioridade agora”. Ela diz que o ano legislativo começará com a campanha dentro do Congresso Nacional, para atuação junto aos parlamentares.

Aroeira

O cartunista Aroeira fala com amor e com entusiasmo sobre sua obra. “A gente resolveu discutir um assunto que aparentemente era tabu, e não é. Muitos bilionários do mundo já defendem a ideia de pagar mais impostos. Vários países já adotaram essas políticas. A ideia de reduzir a desigualdade é viável e com Niara se instala na cabeça dos adultos mesmo contra preconceitos. A repercussão tem sido muito boa. Ganhamos espaço no 247 todas as sextas-feiras e nas redes sociais está sendo muito curtida. Gosto da ideia de que seja compartilhada, de que ganhe uma espécie de vida própria, que chegue em lugares que a gente não imaginou e que seja utilizada como material didático”.

Reprodução/Divulgação

Do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS

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