América Latina: Um ano sem Hugo Chávez

A América Latina vive um de seus processos políticos mais alvissareiros da sua história. Desde as lutas pela independência de seus países até as jornadas pela sua democratização, o período em curso atingiu um inédito acúmulo com experiências nacionais que proclamam até viverem transições ao socialismo, o do século 21, como afirmava Chávez em sua Venezuela.

O antigo “quintal” do império estadunidense rebelou-se e derrotou os objetivos anexantes da ALCA e que agora, sob a liderança de Cuba, eleva a outro patamar a estratégia integracionista e complementária da região via a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), esta sem a presença do Canadá e dos EUA. Há pouco mais de duas décadas essa região estava sob jugo pleno da agenda neoliberal do Consenso de Washington. Atualmente busca intensificar o ritmo de suas transições governamentais antineoliberais.

Contudo, esses processos ainda estão inconclusos. Se não bastassem as elites conservadoras dessa região – submissa e porta-voz dos Estados Unidos – conspirarem internamente contra os projetos democráticos em curso, o império ianque protagoniza ações que abertamente buscam desestabilizar nossas novas experiências. Assim foi em Honduras e no Paraguai. Na Venezuela a ameaça é constante e hoje está em altíssima temperatura.

Na fase unipolar da geopolítica, Cuba resistiu heroicamente. Mas foi com a conquista de governos democráticos e populares na região que se descortinou o cenário atual, inserindo a região na fase em transe para uma ordem internacional multipolar. Esse processo foi inaugurado com a vitória eleitoral de Hugo Rafael Chávez Frias em 1998. A partir dali se desencadearam outras importantes vitórias nacionais, como a de Lula em 2002. Uma virada estratégica histórica.

Há um ano de sua morte, esse simples registro por essa passagem inspira-se no legado estratégico desse libertador. O Simon Bolívar do século 21. Chávez não só teorizou, mas, sobretudo, agiu e promoveu a maior mobilidade econômica, social e cultural na história do povo venezuelano. No plano internacional foi um dos grandes formuladores, articuladores e com fortes ações solidárias aos países irmãos da Nossa América.

A estratégica questão da integração latino-americana e caribenha ganhou contornos de doutrina contemporânea a partir dele e de seu legado prático. No dia em que a América Latina e o Caribe estiveram de luto e que saudaram efusivamente um de seus líderes, passado um ano, as condições políticas e econômicas na Venezuela estão em patamares mais desafiadoras.

As ameaças de outrora pela desestabilização da revolução Bolivariana atingiram a fase aberta por um golpe contra o legítimo governo de Nicolás Maduro. Uma ação abertamente patrocinada pelos Estados Unidos. Os trabalhadores e as trabalhadoras, os democratas e socialistas no mundo devem denunciar essa nova tentativa imperialista e realizarmos tantos quantos forem necessários, atos de apoio ao presidente Nicolás Maduro e ao povo venezuelano.

Essa é uma tarefa deixada por Chávez.

Mãos à obra!

Divanilton Pereira é secretário de Relações Internacionais da CTB

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