Em Conferência da Ieal, diretora da Contee defende o fortalecimento das organizações latino-americanas que unifiquem as lutas educacionais

Acompanhada da diretora Adércia Bezerra Hostin dos Santos (Secretaria de Assuntos Educacionais) e do diretor Cássio Filipe Galvão Bessa (Secretaria-Geral), a coordenadora da Secretaria de Políticas Internacionais da Contee, Maria Clotilde (Tide) Lemos Petta, fez uma importante intervenção hoje (8) na X Conferência Regional da Internacional da Educação para a América Latina (Ieal). Em sua exposição, ela ressaltou a relevância de o debate e a campanha contra a privatização assumirem dimensão mundial através da IE.

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Situando historicamente os desafios na construção de um projeto pedagógico latino-americano, Tide exemplificou com o caso do Brasil, que, neste início do século XXI, apresenta uma grande expansão da educação superior privada marcada pela financeirização e desnacionalização. A diretora também salientou a importância da campanha “Educação não é mercadoria”, desenvolvida pela Contee.

“Neste novo quadro, consideramos a necessidade de repensar as práticas pedagógicas, sindicais e políticas dos trabalhadores de educação. As novas formas de atuação do capital no setor educacional exigem estratégias de enfrentamento e de resistência contra esta agenda que objetiva colocar a educação como serviço, como uma mercadoria, conforme interesses das grandes potências imperialistas”, observou. A partir desse referencial, ela buscou analisar o papel das organizações sindicais dos trabalhadores em educação da América Latina e do Caribe na luta pela descolonização da educação e na perspectiva do avanço da integração latino-americana e  de uma sociedade justa e fraterna.

“Nas últimas décadas, as profundas transformações ocorridas na base da produção da sociedade provocaram grande impacto na questão educacional, agravando ainda mais o quadro de predomínio dos interesses empresariais e das grandes potências imperialistas.  As novas tecnologias alteram a forma de produção do capital, promovem uma reestruturação produtiva , exigindo uma geral qualificação para o trabalho”, avaliou Tide.

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“No campo da ciência, as relações entre o Estado e o setor privado são marcadas ora pela luta com vistas à propriedade intelectual do conhecimento, ora pelas articulações entre ambos para a produção de conhecimentos que lhes são mutuamente vantajosos. Tais articulações têm implicações quanto à definição de quem produz o quê em termos de ciência básica e ciência aplicada, nos planos nacional e internacional, e quem detém ou pode deter direitos de propriedade, distribuição e uso do conhecimento produzido.”

A diretora da Contee também apontou que a nova ordem mundial estabelece uma divisão internacional, na qual cabe às grandes potências o papel de produtoras de papel de consumidoras dessa ciência e novas tecnologias. “Em virtude deste último argumento, as políticas educacionais recentemente traçadas em consonância com organismos internacionais e articulação com diferentes setores sociais, têm afirmado não apenas a intenção de elevar o nível de qualidade da educação pública, mas de fazê-lo de modo que esta cumpra o papel que lhe caberia, segundo tais políticas. Acabaram, assim, por estabelecer uma relação estreita e mais ou menos direta entre educação e trabalho, com base no pressuposto, anteriormente referido, das novas demandas deste último à sociedade.”

Segundo ela, as organizações sindicais precisam atuar de forma articulada em torno de agendas unitárias na defesa da descolonização da educação, contribuindo para a consolidação de projetos nacionais soberanos e democráticos. “Coloca-se a exigência de articular a luta econômica dos trabalhadores por seus interesses imediatos, como salário com a luta política pela participação na discussão e gestão do Estado, em especial nas políticas educacionais e na defesa de projetos políticos pedagógicos, tendo como referência a concepção histórico-crítica”, considerou. “Nesta perspectiva, é preciso fortalecer organizações latino-americanas que unifiquem as lutas do conjunto dos movimentos educacionais.”

Da redação

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