Em pleno horário de trabalho, Bolsonaro vai a BH atacar as decisões do Supremo

Foi nesta quarta-feira (24). Largou o Palácio na hora do batente. Usou o avião presidencial para fazer comício em Minas Gerais quando devia estar trabalhando e buscando soluções para a fome de 33 milhões de brasileiros que não têm o que comer. É por isso que o país está à deriva

É isso mesmo. Em plena tarde de quarta-feira, quando todos os brasileiros – que têm emprego – estão trabalhando, Jair Bolsonaro, como sempre, não estava fazendo nada, não estava em nenhuma reunião para discutir os problemas do país. São 10 milhões de desempregados e 33 milhões de brasileiros passando fome.

Os preços dos alimentos continuam nas alturas, apesar da pequena trégua da inflação, mas Bolsonaro não quer saber de nada disso. Pegou o avião presidencial, largou a sede do governo e foi passear em Minas Gerais. Tudo pago com recursos públicos.

Pior ainda, não foi só passear, foi fazer campanha eleitoral na hora do expediente. Isso tudo para tentar continuar na mamata. Disse ontem, por exemplo, que governar é um saco. “Não tenho prazer nenhum em estar naquela cadeira lá. É um saco, não dá mais para pescar, contar uma piada, tomar um caldo de cana”, declarou. Como se ele realmente tivesse deixado de fazer essas coisas. Não fez outra coisa durante esses quatro anos a não ser motociatas, passeios de lancha, banhos de mar em Guarujá e mais nada.

A campanha desta tarde de quarta-feira (24) foi em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Não tendo nenhuma obra importante para inaugurar ou algum programa social para anunciar, ele fez o de sempre: criticou o STF e a Polícia Federal. Criticou a operação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra empresários que defenderam um golpe no país em mensagens de celular, caso Lula ganhe a eleição.

“O que aconteceu no tocante aos empresários agora, esses oito empresários. Dois, eu tenho contato com eles, o Luciano Hang e Meyer Nigri. Cadê aquela turminha da Carta pela Democracia? A gente sabe que época de campanha, continuam lobos em pele de cordeiro. Acreditar que eles são democratas e nós não somos? Cadê a turminha da Carta pela Democracia?”, indagou, zombando dos mais de um milhão de brasileiros que repudiaram suas armações golpistas.

A “turminha” da carta a que ele se refere são milhares de juristas, advogados, professores de direito, artistas, estudantes, intelectuais e personalidades que publicaram uma carta que foi assinada por um milhão de brasileiros e que foi divulgada em ato no dia 11 na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. Os reiterados ataques sem provas e já desmentidos de Bolsonaro às urnas eletrônicas foi um dos fatos que geraram o movimento pela carta e em defesa do Estado de Direito.

Bolsonaro disse que 9% de desemprego é uma taxa muito boa. Ele resolveu criticar outros países para dizer que o Brasil está uma maravilha. “Olha como está a Europa com a crise, onda de calor, incêndios, lugares que tanto criticaram o Brasil. Olha a Alemanha, buscando novamente energia suja, com carvão. Europa toda está mudando a legislação ambiental. Não tem mais [que] reservar 20% das suas terras, estão com problemas de alimentos. Além da inflação, se começa a ver desabastecimento em alguns daqueles países. O Brasil não passa por esses problemas”, disse.

Ele mentiu novamente sobre a pandemia como já tinha feito isso no JN, da TV Globo, na segunda-feira (22). “Mesmo durante a pandemia, fizemos muito pelo Brasil. E tanto é verdade que a nossa taxa de desemprego no próximo mês estará assim, abaixo de 9%. Nunca se criou tantos empregos no Brasil, numa política econômica acertada pela equipe do [ministro da Economia] Paulo Guedes”, disse.

Ou seja, se fantasiou de novo de paladino das vacinas. Logo ele que sabotou de todas as formas possíveis a compra das vacinas. Logo ele que defendeu que a população se infectasse rapidamente para pegar a imunidade de rebanho. Logo ele que receitou cloroquina, droga ineficaz para o tratamento da covid-19, no lugar da vacina. Bolsonaro deve achar que os brasileiros são idiotas, que não vão se lembrar dos absurdos que ele falou durante a pandemia que matou quase 700 mil brasileiros, dos quais cerca de 400 mil podiam ser salvos não fosse sua sabotagem.

Ao final, Bolsonaro também chamou os prefeitos e líderes religiosos no local para participem de atos no 7 de Setembro, que ele quer transformar em manifestações golpistas. Pretende transformar as comemorações dos 200 anos da Independência em atos golpistas acabou obrigando as Forças Armadas a suspenderem o tradicional desfile militar no Rio de Janeiro.

Em 2021, a data foi usada por Bolsonaro para atacar o sistema eleitoral, o Supremo Tribunal Federal (STF) e agredir ministros da Corte. Chegou a afirmar na Avenida Paulista que não obedeceria mais as decisões do STF. Dias depois, Bolsonaro divulgou uma carta elaborada com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB) para desdizer o que disse e prometer que não faria de novo. Jurou que não tinha a “intenção de agredir” os poderes.

Hora do Povo

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